1. Acabo de ler o post do meu querido Osvaldo sobre Stephen Hawking. Um belo texto. Ao som melancolico de Procol Harum, quero acenar uma pequenissima reação. Hawking é um físico. Um homem que tem como pano de fundo de seus arrazoados uma razão moderna que calcula impiedosamente e reduz toda a trama da existencia à equações científicas. Seus enunciados foram gestados nos rastros de uma navalha que primeiro nos tirou o mundo (Copérnico), depois nos tirou a dignidade (Darwin) e logo em seguida, sem mesmo dar tempo ao luto, aniquilou nossa pretensa e orgulhosa autonomia (Freud). O raciocínio e a conclusão de Hawking não poderia ser outro. Não existe outra saida para uma razão – essa Navalha de Ockham diabolicamente afiada – que desmontou até o último átomo da natureza humana. Se o gasparzinho existe, ele não é uma variável epistemológica. A única coisa que a razão pode afirmar é que existe o « nada », e o único enunciado que ainda pode caminhar com seriedade dentro do universo dos modernos é o enunciado místico. Não falo aqui da mística essencialista pré-moderna que povoou o mundo medieval com os gozos entediantes dos platônicos e neo-platônicos carregados de uma verborragia sobre o Uno. Falo da mística moderna – Nietzsche, Bataille, Cioran, e cia – que olharam nos olhos do niilismo e o enfrentaram como gente crescida e assumiram que somos sim, um amontoado de pó e carbono. Talvez essa postura nos guarde um resto de dignidade.
2. Sobre a comparação de Hawking e Ratzinger, acho apressado e equivocado. A razão de Ratzinger não é a razão moderna. Sua razão é aristotélica e platônica – não importa aqui as enormes distinções entre os dois gigantes gregos, o que importa é que ambas são semelhantes no sentido de que não são a mesma razão ciêntifica proclamada por Copérnico, Darwin e Freud – e se move dentro de categorias de uma física que tem horror e nauzeas diante do vazio. Ratzinger é um homem que pensa à partir de categorias pré-modernas. Não é nem de longe um amador. E se me permitem um juízo de valor: eu gosto dele, como intelecutal que é.
3. Uma das expressões mais patéticas de amadorismo – com todo o sentido ridículo que essa expressão carrega – está na atividade intelectual que busca reabilitar o discurso teológico dentro dos quadros daquilo que se convencionou chamar de pós-moderno. E é por isso que encontro dignidade e nobreza em Ratzinger. Ele enfrenta os modernos com um arsenal intelectual que muitos dos intelectuais contemporâneos não conhecem a fundo e com propriedade: a física (naïf?) démodé de Aristoteles e a política religiosa de Platão. A negação da razão moderna e da ciência em favor de metáforas que buscam oferecer validade a um discurso religioso é sinonimo de fraqueza e cansaço intelectual. É como fazer versinhos de ninar para crianças qua ainda não tem uma estatura mental suficiênte para enfrentar a dor que é existir.
4. Hawking foi absolutamente honesto em seu enunciado. Para um físico moderno, o único enunciado racionalmente válido é que temos diante de nós o « nada ». Nada mais! A atitude mais dígna de um místico moderno seria olhar no fundo dos olhos tristes de Hawking e se calar.
2. Sobre a comparação de Hawking e Ratzinger, acho apressado e equivocado. A razão de Ratzinger não é a razão moderna. Sua razão é aristotélica e platônica – não importa aqui as enormes distinções entre os dois gigantes gregos, o que importa é que ambas são semelhantes no sentido de que não são a mesma razão ciêntifica proclamada por Copérnico, Darwin e Freud – e se move dentro de categorias de uma física que tem horror e nauzeas diante do vazio. Ratzinger é um homem que pensa à partir de categorias pré-modernas. Não é nem de longe um amador. E se me permitem um juízo de valor: eu gosto dele, como intelecutal que é.
3. Uma das expressões mais patéticas de amadorismo – com todo o sentido ridículo que essa expressão carrega – está na atividade intelectual que busca reabilitar o discurso teológico dentro dos quadros daquilo que se convencionou chamar de pós-moderno. E é por isso que encontro dignidade e nobreza em Ratzinger. Ele enfrenta os modernos com um arsenal intelectual que muitos dos intelectuais contemporâneos não conhecem a fundo e com propriedade: a física (naïf?) démodé de Aristoteles e a política religiosa de Platão. A negação da razão moderna e da ciência em favor de metáforas que buscam oferecer validade a um discurso religioso é sinonimo de fraqueza e cansaço intelectual. É como fazer versinhos de ninar para crianças qua ainda não tem uma estatura mental suficiênte para enfrentar a dor que é existir.
4. Hawking foi absolutamente honesto em seu enunciado. Para um físico moderno, o único enunciado racionalmente válido é que temos diante de nós o « nada ». Nada mais! A atitude mais dígna de um místico moderno seria olhar no fundo dos olhos tristes de Hawking e se calar.
Jimmy Sudario Cabral
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