sábado, 14 de maio de 2011

(2011/282) "Olho por olho" - literalmente: mas, cá entre nós, nem o olho por olho resolve, resolve?


1. Um tribunal iraniano concedeu o direito a Ameneh Bahrami ser vingada pelo regime de "olho por olho". Porque - e com razão, pelo visto! - ela se recusou a casar com ele, uma besta-humana, um crápula desgraçado, um demônio, um miserável de um infeliz de um canalha, jogou ácido no rosto dela - desfigurou-a e a cegou. Ela entrou na justiça, e pediu vingança - direito de vê-lo cego. Ganhou.

2. O tribunal vai cegar o sujeito... Mas vejam vocês quanta humanidade: ele será posto para dormir, e pingarão gotas de ácido em seu olho. Quando acordar, estará cego... De um olho...

3. E os ativistas de direitos humanos alegam que a pena é desumana... Meus sais! Que tal cestas básicas para ele, ah?

4. Não vou discutir aqui. Estou tomado de indignação demais para ser lúcido - chego a pensar nessa turma dos DH (do texto!, por favor) como um bando de alienados filosóficos...

5. Mas a coisa é mais séria. De cara, não considero que o sujeito-monstro vá receber olho por olho. Para o ser, ela devia ter o direito de jogar ácido na cara dele, e ele ter a obrigação de ser desfigurado e sofrer tudo o que ela sofreu. Não: racionalizaram a lei do talião, e ele vai dormir no inferno... Estará cego, quando acordar, mas não é lá tão mal assim: terá o outro olho: e a cara que tinha...

6. Não vejo como cegá-lo mudará a situação da pobre e desgraçada mulher: está desfigurada. O castigo não lhe traz nada, senão uma sensação de vingança. E o perdão, o que traria? Poderia ela olhar no espelho, ver-se tal qual está, e fazer de conta que está tudo bem - oh, que pessoa boa eu sou, perdoei um desgraçado!... Não, nem perdão, nem castigo, nada mudará aquele acontecimento, e sua tragédia embutida...

7. A evolução, a sofisticação do direito não muda as coisas: apenas as sentenças se adaptam aos tempos, às culturas. Questão difícil... Mas eu acho que o tribunal foi até muito humano - ao contrário do que os ativistas dos DH gralham na porta da justiça. Muito humano. Vão pôr o cabra pra dormir... Ela, gritou e gritará até à morte aquele dia infeliz. E, se o corpo não tem jeito, a alma finge que está bem, assim. Vingada!, vai ela fingindo pela vida;;;

8. Ela vai acordar amanhã, ele cego, e vai ver que nada mudou para ela... Nem para a sua alma.

TEERÃ - Depois de alguns anos tentando uma "vingança legal" contra o homem que a cegou com ácido, Ameneh Bahrami teve o direito concedido pela Justiça do Irã de fazer o mesmo contra os olhos de seu agressor, Majid Movahedi, de acordo com o jornal britânico "The Guardian". Neste sábado, Movahedi será sedado no hospital judicial de Teerã enquanto Ameneh, enfim, promoverá a sua vingança.

É a primeira vez que um preso será penalizado com cegueira proveniente de ácido no Irã, um país que está acostumado a sentenciar seus detentos a partir da interpretação literal da Sharia, a lei muçulmana.

A iraniana Ameneh, que pediu pelo direito de vingança no tribunal em 2008, teve o rosto desfigurado e ficou cega, em 2004, depois que Movahedi jogou um pote de ácido em sua face, enquanto ela voltava do trabalho para casa a pé. A atitude criminosa foi uma resposta à recusa de Ameneh em se casar com Movahedi.

- Ele estava segurando um recipiente com um líquido vermelho. Olhou para dentro dos meus olhos por um segundo e jogou o ácido no meu rosto - contou a vítima durante o julgamento.

De acordo, com a imprensa iraniana, o advogado de Bahrami, Ali Safari, elogiou a sentença, afirmando que "um método apropriado foi escolhido, portanto, o condenado será cego por algumas gotas de ácido, enquanto está inconsciente".

Em novembro de 2008, um tribunal criminal de Teerã permitiu uma retribuição depois que Movahedi confessou o crime e ordenou que a mulher pudesse cegá-lo com ácido. Ele também foi condenado a pagar uma indenização a sua vítima, mas a mulher iraniana negou o "dinheiro maldito", em suas palavras.

Para as autoridades iranianas, a sentença pode ajudar a diminuir os ataques com acido no país. Mas ativistas de direitos humanos protestaram, afirmando que tal penalidade é desumana.




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sobre ombros de gigantes


 

Arquivos de Peroratio