1. Ninguém precisa me dizer - eu mesmo o sei e me digo: meu discurso é anacrônico, porque critico o dogmatismo teológico, quando, a rigor, há muito ele se foi... Não lido, de fato, com o mundo real: meu mundo, aquele em que e contra que combato, é o dos livros... Pronto. Dispensados estão os críticos.
2. A despeito dessa neurose consciente - de vez em quando olho pela janela. Confesso que a vida cristã contemporânea está a um palmo de se me tornar indiferente: e somente ainda não se me tornou indiferente dado o problema político que ela constitui. Não é possível ser um bom republicano e não preocupar-se com o rumo da vida evangélica nacional. Não estou convencido de se ela vai dar em algo terrível, ou em algo mais ou menos razoável. "Bom" não vai ser, de todo, mas pode até advir algum benefício econômico-social da Teologia da Prosperidade, alma teológico-financeira do Evangelho brasileiro atual. Ao "trabalho" weberiano corresponderia, agora, a "benção" universal...
3. Seja como for, há algumas décadas, o teólogo-ontológico limite, Tillich, prostaticamente bom "protestante", advertia-nos quanto ao risco da idolatria da Idéia - quando um crente trata seus símbolos literalmente, incorre em idolatria. Isto é, quando um crente acha que a doutrina de Deus é Deus, é, na prática, um idólatra, porque põe no lugar de Deus algo que não é Deus... Sim, todo fundamentalista/dogmático é um idólatra em potencial, se não, em ação...
4. Acho que, no Brasil, esse risco passou (ainda que ainda ensaie batidas de asas aqui e acolá, como passionalmente denunciou Ronaldo Cavalcante). E não pelas razões racionalistas que interessariam a Tillich, mas porque, hoje, não são Idéias que estão sendo colocadas no lugar de Deus - mas sentimentos. Está acontecendo uma divinização geral das emoções - mais do que seu uso litúrgico, é sua sacramentalização - e falta pouco - falta? - para sua divinização. Deus está no olho vermelho, no peito arfante, nas palavras embargadas, no sentimento, quando mais emoção, mais de Deus se está cheio...
5. Quem diria - destruímos estátuas/ídolos de gesso, erigimos estátuas/ídolos de pensamento e, agora, fabricamos as estátuas/ídolos de sentimento. Idolatria. Disfarçada em "idealismo" e "sentimentalismo". Mas a boa e velha idolatria humana...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. A despeito dessa neurose consciente - de vez em quando olho pela janela. Confesso que a vida cristã contemporânea está a um palmo de se me tornar indiferente: e somente ainda não se me tornou indiferente dado o problema político que ela constitui. Não é possível ser um bom republicano e não preocupar-se com o rumo da vida evangélica nacional. Não estou convencido de se ela vai dar em algo terrível, ou em algo mais ou menos razoável. "Bom" não vai ser, de todo, mas pode até advir algum benefício econômico-social da Teologia da Prosperidade, alma teológico-financeira do Evangelho brasileiro atual. Ao "trabalho" weberiano corresponderia, agora, a "benção" universal...
3. Seja como for, há algumas décadas, o teólogo-ontológico limite, Tillich, prostaticamente bom "protestante", advertia-nos quanto ao risco da idolatria da Idéia - quando um crente trata seus símbolos literalmente, incorre em idolatria. Isto é, quando um crente acha que a doutrina de Deus é Deus, é, na prática, um idólatra, porque põe no lugar de Deus algo que não é Deus... Sim, todo fundamentalista/dogmático é um idólatra em potencial, se não, em ação...
4. Acho que, no Brasil, esse risco passou (ainda que ainda ensaie batidas de asas aqui e acolá, como passionalmente denunciou Ronaldo Cavalcante). E não pelas razões racionalistas que interessariam a Tillich, mas porque, hoje, não são Idéias que estão sendo colocadas no lugar de Deus - mas sentimentos. Está acontecendo uma divinização geral das emoções - mais do que seu uso litúrgico, é sua sacramentalização - e falta pouco - falta? - para sua divinização. Deus está no olho vermelho, no peito arfante, nas palavras embargadas, no sentimento, quando mais emoção, mais de Deus se está cheio...
5. Quem diria - destruímos estátuas/ídolos de gesso, erigimos estátuas/ídolos de pensamento e, agora, fabricamos as estátuas/ídolos de sentimento. Idolatria. Disfarçada em "idealismo" e "sentimentalismo". Mas a boa e velha idolatria humana...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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