sábado, 26 de março de 2011

(2011/209) Da Física para a Filosofia - ou seria a Teologia "negativa"? - Dennett, Dawkins, Harris e Hitchens, à mesa


1. Que sábado! Com febre, respiração pesada e difícil, um desperdício da morena linda com quem sou casado... Resta-me ler e estudar, enquanto (finjo que) descanso. Depois dos 18 vídeos da BBC, cai-me às mãos esse interessante debate entre quatro "evangelistas" do ateísmo. Acho que vale a pena prestar atenção ao que eles falam.

2. Há coisas positivas. E outras, negativas. Por exemplo: depois de assistir à série "Átomo", da BBC, principalmente o primeiro capítulo, mas, a rigor, o fenômeno mostrou-se também nos outros dois, e ouvir Jim Al-Khalili revelar-nos uma História da Física cheia de ódio entre físicos, ouvir de San Harris que os cientistas não se ofendem quando suas teorias são contrariadas é, no mínimo, ingenuidade. O primeiro vídeo da série "Átomo" começa justamente com o suicídio de Boltzmann, porque era ridicularizado por suas idéias científicas...

3. Por outro lado, ser informado que o ex-pastor e, então, ateu, Dan Barker,"está colecionando casos de pastores que perderam a fé", mas que não se atrevem a divulgar, porque não têm outra forma de ganhar a vida traduz bem a experiência de muitos religiosos profissionais. Penso que conheço alguns. Para mim, todavia, mais importante do que ter ou perder - esse tipo de fé de que falam à mesa - é compreendê-la. Mas, eis a questão: compreendê-la é, no mínimo, transformá-la em outra coisa, diferente do que ela era antes.

4. Aos 15:11 minutos, o primeiro princípio de Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, de quem?, sim, Edgar Morin - no vídeo, uma verdade: Dennett afirma que a diferença entre cientistas e religiosos é, fundamentalmente essa: os religiosos não se perguntam - não podem: "Deus" lhes proíbe! -: e seu eu estiver errado?".



5. Talvez não seja uma característica necessariamente dos cientistas - mas, sem dúvida, da Ciência e, fundamentalmente, da Filosofia. Por outro lado, a coragem de saber não é o problema: o problema é o estado de pensamento que impede a dúvida.

6. Aos 25 minutos, Dawkins e Dennett falam sobre professores de teologia. Ai! E são categóricos: são pessoas dedicanas a velhos arcanos insignificantes. As igrejas não prestam atenção no que dizem, e mesmo o que els dizem não tem eco nas igrejas. Difícil discordar, eu diria. Salvo se você põe na cátedra pregadores e catequistas que, em lugar de dar aula de Teologia, fazem as vezes de pregadores, doutrinadores e catequistas. Fora isso, se é Teologia pra valer, não há nada que aí "aproveite" para a comunidade lical, construída que está sobre bases absolutamente outras. Não?

7. Aos 28 minutos, uma crítica de Dawkins ainda aos professores de Teologia, mas, agora, aos pseudo-críticos, aqueles que, com um lado da boca, dizem que "é claro que Gênesis é mito" e, com a outra, escrevem livros sobre Adão e Eva, como "licença poética", mas falando da coisa toda como se fosse real... Uma sutileza para atender a dois reinos distintos. Uma Teologia envergonhada para fora, e muito "crente" para dentro, com a consistência de uma metáfora fugidia - poesia, é verdade, mas socialmente eficiente, se me entendem... Dennett se pergunta se dirão que se trata de metáfora: bem, escreverão, mas, diante das "ovelhas", só vendo.

8. Aos 31 minutos, a alma dos "seminários" evangélicos - com raríssimas, muito raríssimas exceções: menos de 10% dos estudantes de Teologia - é um "chute", claro, para cima!, são informados adequadamente em seus cursos. Nesses cursos, as informações que contradizem o "sistema" são proibidas - em nome do Deus zeloso da Verdade. Nos outros menos de 10%, onde as informações estão disponíveis, menos de 10% divulgarão essas informações a suas ovelhas. Assim, muito pouco percentual dos fiéis tem as informações. O restante, é "enrolado", com toda amor e cuidado, naturalmente... tudo, sempre, tenham certeza disso, para maior glória de Deus...

9. Por isso não falo a fiéis, em Igrejas - e aceito cada vez menos convites. Inúteis. Falo rasgadamente aos alunos que me cabe "educar", na condição de professor. O aluno que passar por minhas aulas, será informado criticamente. Ele tem de saber. Como não são aulas indivudiais, não tenho como selecionar quem está e quem não está preparado. Às vezes, as informações são demais para alguns. Mas, para mim, no campo da Teologia, só há uma coisa a fazer: desconstruir. Não há outra urgência: desconstruir. Acho que essa é a minha função docente - e isso mesmo enquanto teólogo que sou. Seria bom que, depois de nossas aulas, não precisássemos, mais, de Dennett, Dawkins e seus amigos, porque nós mesmos já teíramos feito o dever de casa, o trabalho sujo...

10. Aos 37 minutos, arrazoados que tocam a série "Átomo", da BBC, e que caminham para distinguir entre "o mistério da interpretação" da Teoria Quântica, derivado da Escola de Copenhague, e, de outro lado, as predições físicas da teoria, corretas até os mínimos detalhes. E, acho que Hitchens, conclui que não considera nem um pouco científico falar-se de incompreensibilidade absoluta da matéria. Concordo. Para mim, qualquer coisa não compreensível ainda é apenas isso, circunstancialmente,m ainda, não compreendida.

11. Bem, mas chega de eu falar.








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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