domingo, 13 de março de 2011

(2011/169) "Tenho medo da Bel" - ou os porões da "crise financeira de 2008" - sobre "Inside Job" (Trabalho Interno), oscar de melhor documentário 2011


1. Bel sempre foi meio bruxa. Às favas a conotação pejorativa do termo, herança cristã (para uma história das bruxas, na Idade Média, cf. o excelente História Noturna, de Carlo Ginzburg). Mas eu dizia: Bel sempre foi meio bruxa, ela e suas intuições fatais. Mas sua conversão à fé batista, naturalmente, levou para o fundo de sua inconsciência a sua aura mágica: conquanto a magia esteja na alma cristã (oração é pura magia!), o Cristianismo desgosta de qualquer magia que não a sua própria, ou melhor, qualquer magia não sacerdotal... Por outro lado, os eventos internos à nossa saga evangélica acabaram por fazer com que Bel se desse conta de que não fora uma boa idéia refrear seus impulsos divinatórios... Devagarzinho, vai deixando-os vir à tona...

2. Se Bel diz: cuidado com fulano, melhor sair de perto. Somos muito críticos, de modo que sempre tendemos a suspeitar tratar-se de uma implicância qualquer. Lá na frente - pá!, levamos na cabeça. Pelo sim, pelo não, preferimos não abrir (mais) a guarda. Depois de apresentar alguém a Bel, pergunto: e aí?... Se ela tem alguma dúvida, ela faz que desconversa. Mas se ela não tem, me olha com um olhar indefectível - e eu já sei que ali vai um lobo... ou uma loba...

3. Ela me disse, há dois anos: não confio no Obama. Desde aí, estava me preparando para ver o lado "mau" do "desejado das nações"... Cada mês, uma renovação da guarda: mais cedo ou mais tarde, as coisas ficarão claras, e descobriremos se a intuição da bruxa Bel estava certa...

4. Aí, me bate às mãos Inside Job (Trabalho Interno), oscar de melhor documentário de 2011. Pedi meu filho e ele baixou pra mim. Se desejar, há links no Google, próprios para torrent ou outro mecanismo de busca/baixa.

5. Trata-se da história da "crise financeira" de 2008 - um documentário com muitas entrevistas, onde se constrói a interpretação de que tal crise foi resultado de uma série de ações programáticas que envolveram, de um lado, os grandes bancos de investimento dos Estados Unidos, seguradoras, agências de rating e, de outro, a cooptação, por parte deles, da Casa Branca e do Congresso daquele país. Nada sutil, você verá...

6. Depois de uma série de denúncias, da construção pedaço a pedaço da cronologia e da metodologia da crise, prepare-se para o final: os mesmos homens que engendraram, programaram e executaram a crise estão, agora, nos mesmos postos-chave do governo Obama. Não é apenas que nenhum deles tenha sido condenado, nem devolvido um centavo do que lhes coube da festança financeira, depois da catástrofe - foram mantidos nos cargos-chave homens ligados diretamente àquela crise. Digamos assim: depois de ser pego em dívidas com o Tesouro, Al Capone assume o Federal Reserve... ou algo parecido.

7. Bel, melhor você deixar esse sensor ligado. Nunca se sabe. E, Obama, quase me enganas...



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

PS. Uma impressão pessoal, a despeito de eu não ter nem vocação para bruxo, nem informações técnicas sobre isso: mas me dá a impressão de que se trata de uma limpeza de caixa, mais ou menos assim: a China vem aí, salve-se quem puder - e estaríamos diante do esforço de uma elite financeira em sangrar os recursos reais, enquanto ainda os há, agora, ainda, quando os EUA aparentam estar na crista da onda - porque sabem que a China em pouco tempo lhes roubará o bastão... O futuro dirá...

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