quarta-feira, 29 de setembro de 2010

(2010/474) Respiração


1. Quando o madeirame rui, de copins carcomido, é a Respiração... Quando da pederneira as rochas saltam sobre ti, é a Respiração... Quando os pássaros te comem carne e olhos, é a Respiração... Quando o fel goteja teu paladar, é a Respiração...

2. Tiodavia, também é a Respiração no Advento... Nas festas de Cosme e Damião, ei-La, gutural... No dia do teu aniversário, Ela respira... No dia do teu amor, igual e certamente...

3. De modo que na luz e na treva, Inspira, Expira... No calor e no verão, Inspira, Expira... Na riso e no pranto, no dia bom e no dia mau, em cima e embaixo, à direita e à esquerda - Respiração...

4. Porque nunca sabes, meu amigo, nunca, quando é e quando não é. De modo que, das duas uma, para seres honesto com teu mito e ser veraz tua teologia, ponhas sempre a Respiração na tua nuca, ou negues, no Vazio, a narrativa.

5. Mas te lembres sempre: é-teu-Mito, é-teu-Mito, é-teu-Mito, é-teu-Mito...

6. E segue em paz.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

Debbie Seravat disse...

Encontro-me sempre aqui!!! Até meu passado vem à tona... Em, 79, quando cursava o seminário, fiz um poema em que dois versos assim se expressam: Tomo a vida/como respiração poética.
Amei o texto! Dizer o quê mais?
Continuar respirando... Isso é tudo.
Abraços.

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