1. Lembram-se do pastor da Universal que chutou a santa? Pois então. Gilberto Gil escreveu uma música - Guerra Santa - em "homenagem" ao sujeito. Acabei de encontrá-la no Youtube. Quando eu leciono Teologia Brasileira, na Faculdade Batista do Rio de Janeiro, uso três músicas para fazer uma ponte entre Teologia e cultura brasileira: Invocação, de Chico César (Teologia pura, injetada na veia), O Trem das Sete (uma referência polêmica à Escatologia evangélica, que invadiu as praças na década de 70), de Raul Seixas, e, finalmente, Guerra Santa.
2. Meu objetivo em usar a música de Gilberto Gil é tornar mais patente a "guerra santa" que impera mesmo na base cristã, e que não devia, guerra às vezes mais delcarada, às vezes, mais dissimulada. Por exemplo, a Igreja Assembléia de Deus de São João de Meriti, por exemplo, acaba de tomar a cidade pra Jesus, sem plebiscito nem nada, conforme deixa claro aquele outdoor enorme, instalado contra-republicanamente no viaduto que corta a Dutra, na altura de São João, lado direito que quem desce para o centro do Rio: "esta cidade pertence a Jesus", um energúmeno escreveu. Bem cristão isso, e, por isso mesmo, muito pouco republicano - não nos vamos esquecer que a República é uma ação moderna contra justamente as monarquias... cristãs... teocráticas! O mundo era de Deus, mas os republicanos tomaram-no dele. Morreu de deesgosto depois, contaram... era tão apegado aos bens amteriais, coitado...
3. Naturalmente que há quem desgoste da letra, porque, no final, Gil provoca de um modo bastante feuerbachiano: "o nome de Deus pode ser Oxalá Jeová, Tupã, Jesus, Maomé Maomé, Jesus, Tupã, Jeová Oxalá e tantos mais sons diferentes, sim, para sonhos iguais". No entanto, não é de todo necessário admitir essa teologia fenomenológica de Gil para admitir-se que a prática de sair por aí a maldizer e imprecar contra a fé e os símbolos religiosos alheios não é nada muito recomendável. O pastor que chutou a santa, por exemplo, se queria agradar a Deus, podia meter a cabeça na padere até arrebentar - era menos um doido a apurrinhar a vida da gente... Se bem que aquilo ali, eu desconfio, foi bem de caso pensado, e de doido ele não tem nada não, não é Gil? Afinal como você disse, "ele não rasga dinheiro"...
2. Meu objetivo em usar a música de Gilberto Gil é tornar mais patente a "guerra santa" que impera mesmo na base cristã, e que não devia, guerra às vezes mais delcarada, às vezes, mais dissimulada. Por exemplo, a Igreja Assembléia de Deus de São João de Meriti, por exemplo, acaba de tomar a cidade pra Jesus, sem plebiscito nem nada, conforme deixa claro aquele outdoor enorme, instalado contra-republicanamente no viaduto que corta a Dutra, na altura de São João, lado direito que quem desce para o centro do Rio: "esta cidade pertence a Jesus", um energúmeno escreveu. Bem cristão isso, e, por isso mesmo, muito pouco republicano - não nos vamos esquecer que a República é uma ação moderna contra justamente as monarquias... cristãs... teocráticas! O mundo era de Deus, mas os republicanos tomaram-no dele. Morreu de deesgosto depois, contaram... era tão apegado aos bens amteriais, coitado...
3. Naturalmente que há quem desgoste da letra, porque, no final, Gil provoca de um modo bastante feuerbachiano: "o nome de Deus pode ser Oxalá Jeová, Tupã, Jesus, Maomé Maomé, Jesus, Tupã, Jeová Oxalá e tantos mais sons diferentes, sim, para sonhos iguais". No entanto, não é de todo necessário admitir essa teologia fenomenológica de Gil para admitir-se que a prática de sair por aí a maldizer e imprecar contra a fé e os símbolos religiosos alheios não é nada muito recomendável. O pastor que chutou a santa, por exemplo, se queria agradar a Deus, podia meter a cabeça na padere até arrebentar - era menos um doido a apurrinhar a vida da gente... Se bem que aquilo ali, eu desconfio, foi bem de caso pensado, e de doido ele não tem nada não, não é Gil? Afinal como você disse, "ele não rasga dinheiro"...
Ele diz que tem, que tem como abrir o portão do céu ele promete a salvação ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel mas não rasga dinheiro, não Ele diz que faz, que faz tudo isso em nome de Deus como um Papa na inquisição nem se lembra do horror da noite de São Bartolomeu não, não lembra de nada não Não lembra de nada, é louco mas não rasga dinheiro promete a mansão no paraíso contanto, que você pague primeiro que você primeiro pague dinheiro dê sua doação, e entre no céu levado pelo bom ladrão Ele pensa que faz do amor sua profissão de fé só que faz da fé profissão aliás em matéria de vender paz, amor e axé ele não está sozinho não Eu até compreendo os salvadores profissionais sua feira de ilusões só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz deixa o outro vender limões Um vende limões, o outro vende o peixe que quer o nome de Deus pode ser Oxalá Jeová, Tupã, Jesus, Maomé Maomé, Jesus, Tupã, Jeová Oxalá e tantos mais sons diferentes, sim, para sonhos iguais.
OSVALDO LIZ RIBEIRO
PS. aqui, a reportagem da Globo sobre o "caso".
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