sábado, 13 de março de 2010

(2010/211) Confissões de um tangido cello


1. Onde mais, amor, eu quereria estar que não aqui, entre teus joelhos? Recostar-me em teu colo, cheirar-te o ombro, soprar-te o dorso da nuca, sentir-te a tez aveludada... Eu gemeria. Ah, sim, canções que anjo algum, dia algum, ouviu e ouvirá, posto que lá não há joelhos, nem colo, nem ombro, nem nuca... Vivaldi no céu é um desperdício...

2. Ah, sim, tangeres-me, teus dedos em mim, tocando-me, roçando-me em ti... Quem não gemerá canções eternas? Quem não solfejará a música de todas as estrelas?, de todas as esferas!? Quanto mais eu, aqui, agora, entre teus joelhos...

3. O quê? Não importa... Faze como tu queres. Oco, meu peito apenas reverbera o som que me imaginas, ao toque destro de teus dedos hábeis. Cada nota minha, um dedo teu arranca, e solto-a, extático e malemolente...



4. Todas as tuas melodias, amor, executa em mim. Leva-me contigo nas estradas de tuas inspirações. Como tangido cello sou eu, amor, em tuas mãos e colo.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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