1. Vou dormir, agora, ir para o mundo verdadeiro. O mundo verdadeiro, ao contrário do que pensamos, não é esse, da vigília. Esse a gente inventa. Inventa de ficar triste, inventa de ficar enamorado, inventa de ficar olhando estrelas e TV, inventa de gostar de flores, inventa de gostar de penumbra e sons românticos. Lá, não. Lá a gente não inventa nada. Lá, a gente só respira. Nem sonhar a gente sonha, que não somos nós a sonhar, mas o cérebro que, a rigor, não é a gente. A vida verdadeira é pura respiração, e mais nada, pura circulação, e mais nada, puro transitar de sangue e eletricidade pelas veias e músculos adormecidos, mundo líquido de emulsões e hormônios, funcionando sem apitos de fábrica nem cartões de ponto. Lá vou eu, pois, para meu mundo verdadeiro. Todavia, oro a Deus para que, por mais um dia, permita-me voltar, depois, para minha ilusão de carbono e Bel...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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