1. A imagem corresponde ao achado arqueológico/paleontológico de 1938, numa caverna em Teshik Tash, Urbesquistão, divulgado em jornal russo em 1939 por seu descobridor, Aleksej P. Okladinikoff - "The Mousterian site in the cave of Teshik-Tash in Uzbekistan"., e publicado em 1940 - Les recherches de la grotte paleolithique Techik-Tach. Mircea Eliade descreve o achado como o sepultamento de "uma criança rodeada por uma guarnição de chifres de cabritos monteses", o que interpreta como um "entre os melhores exemplos de supultura com sentido mágico religioso" (Mircea Eliade, História das Crenças e das Idéias Religiosas I. Zahar, 2010, p. 21).
2. Okladinikoff data o sítio no período musteriano - cerca de 70.000 a 50.000 anos. Discutiu-se a intencionalidade ou não intencionalidade dos arranjos de chifres em torno do esqueleto do que, agora, mas não desde o início do achado, considera-se ter sido uma menina, com prováveis 142 cm de altura. Okladinikoff - e Mircea Eliade - consideram tratar-se de depósito intencional, caracterizando-se sepultamento com caráter "religioso", o que traduziria alguma forma de crença na "vida" pós-morte. A criança de Teshik Tash talvez fosse neandertal, mas não é de todo certo (cf. aqui e aqui).
3. Tão cedo quanto - pelo menos - o musteriano, represenantes da primitiva espécie "humana" já se deixavam "assombrar" pela morte, e desenvolveram crenças a respeito da sobrevivência - da "alma"?, do "duplo"? Pelo que devemos nos perguntar: a) se a crença na vida aós a morte constitui uma "neurose" de fundo psicológico, o que significa a sua manifestação tão cedo - 50 ou 70 mil anos atrás - e sua permanência até hoje?; b) se não considerarmos a hipótese de encarar a crença na vida após a morte como uma fantasia psicológica da espécie humana, já manifestada em seus ancestrais biológicos mais próximos, como interpretá-la então?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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