terça-feira, 12 de janeiro de 2010

(2010/030) Ah, a maravilhosa Criação!...


1. Ah, a velha Teologia política. Jimmy está às voltas com Teologia política, mas, cá entre nós, Jimmy, até hoje, que Teologia não foi - essencialmente [e unicamente?] - política? Toda ela, desde Platão, inventor do termo, até Paulo, Agostinho e Lutero (salvador do cristianismo, aos olhos de Nietzsche), não foi performativa? Não estava ela a serviço, hum, vá lá, da construção de "um mundo melhor"? No transcurso de seu desenvolvimento, algumas porções da massa crítica teológica acharam por bem traçar alguns mitologemas para, por meio deles, melhor alcançar seus objetivos últimos - todos eles, sempre, políticos...

2. Um deles, que culminou na contemporaneamente desgastada teologia do "Homem" como a "coroa" da criação - metáfora tanto teológica quanto política, e, enquanto política, hierárquica! - vai-se revelando, a cada dia, um embuste... A Mãe Natureza, perfeita e bela, é como todos nós - quando olhados à distância segura. Basta que a gente se aproxime, ganhe intimidade, para perceber que a perfeição era um efeito ótico, uma ilusão da distância.

3. Outro dia, falamos das vespas-jóias, que, durante milhões de anos, desenvolveram substâncias químicas e modos de usá-las que fazem da barata um zumbi, um depósito vivo de ovos. É como se nós humanos, em lugar de termos nossos filhotes em hospitais, os depositássemos dentro de vacas para as irem comendo, vivas, enquanto eles vão crescendo... Não há nada de "imoral" no caso das vespas, porque não há nenhum laivo de moralidade na Natureza. Ela é a-moral.

4. Um outro exemplo hoje choca pela acintosidade da coisa em si: gaivotas comem baleias vivas... Eu nunca ia imaginar um negócio desses, mas as cenas são irrefutáveis. A reportagem é da BBC Brasil.




5. Concluo que a Teologia precisa encarar a realidade tal qual ela é. Isso daria a ela condições de pensar sua transformação em ciência. Enquanto a Teologia fantasiar a realidade, seja a do passado, a do presente, a do futuro, recobrindo-as com mitos - seja lá quais forem - não estará pronta para enfrentar o desafio moderno. Vale o mesmo para os teólogos...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

Cristianismo Livre disse...

Pensar a biologia é contruir a cada segundo uma realidade que por vezes, nem é real, nem é contrução. A superpopulação de gaivotas gera desequilibrio, mas não é assim em todos os nichos que conhecemos?
A teologia é assim quando encarada como "engorda" e "superpopulação" gestacional de crentes em nossos arraiais.Crescemos tanto que agora tomamos ações que seriam inconcebíveis anos atrás. Antes, esses que são frutos da comida fácil e abundante por demais, tivessem sido mortos? Mas não foi essa a atitude da teologia aprisionada na confessionalidade, matando aqueles que destoam do senso comum aceitável?
Bem, tudo isso é evolução, gostemos ou não. E como processo evolutivo não nos basta agir sobre tais eventos, resta-nos tão somente estudá-los e especular quando, como e onde todas as ações do passado, presente e futuro irá nos guiar.
É, pensar evolução é entender que se está à mercê dos deuses do "ACASO" e do "tempo", e de seu "semideus", o HOMEM.

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