1. Criamos a expressão "desumano" e com ela nos referimos a atos que, por força do argumento, seriam não-humanos, contra-humanos, como se os atos propriamente humanos fossem atos bons. SE os atos humanos são necessária e propriamente bons, desUmanos, então, está certo, são aqueles atos que fogem à essa regra. Não são bons, são maus, não são humanos, são desumanos...
2. Cada vez mais penso que se trata de uma grande besteira. Não há como afirmar que os atos humanos sejam, por definição, bons. Podem ser bons. Podem ser maus. Uma pessoa pode, quando pode, tanto fazer o bem quanto o mau. Se se faz mais o bem ou o mau é uma questão de confissão, de revelação, de flagrante, eu acho.
3. Sim, sim, as pessoas podem passar a vida praticando atos bons. É a prática desses atos bons que definirá sua vida. Mas podiam ser atos maus, igualmente. Algo entre a genética, a índole, a educação, o ambiente - algum fato complexo desencaminhará, historicamente, os trilhos "morais" sobre os quais as ações "correrão". Diante do feto, no útero, abre-se uma longa estrada de ferro. E será aí que se revelarão não apenas as ações, mas, igualmente, é aí que se construirá inclusive o trem...
4. Morreu, aos cem anos, a "protetora" do diário de Anne Frank. A história está na reportagem da BBC Brasil. O que me deixou perturbado foi pensar que, depois de dois anos protegidos dos nazistas, dois anos!, escondidos, alguém, até hoje não se sabe quem, os tenha denunciado. Covardia! Maldade! Perversidade! Desumano? Não, bem humano, demasiadamente humano...
5. Tão humano quanto estupros de guerra. Tão humano quanto a fome promovida e tolerada. Tão humano quanto o tráfico de mulheres, de crianças. Tão humano quanto o preconceito, ontem, contra negros, hoje, contra homossexuais. Humano.
6. É nossa tentativa de pensar uma abstração - a Humanidade - que nos faz pensar que inventar um termo assim - desumano - pudesse fazer de conta que há uma Desumanidade. Mas não há, não. Só há a Humanidade, humana, boa, aqui, má ali. Não há um bem em si nem um mau em si. Há os homens e as mulheres vivendo e fazendo coisas. Coisas para o bem. Coisas para o mal.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Cada vez mais penso que se trata de uma grande besteira. Não há como afirmar que os atos humanos sejam, por definição, bons. Podem ser bons. Podem ser maus. Uma pessoa pode, quando pode, tanto fazer o bem quanto o mau. Se se faz mais o bem ou o mau é uma questão de confissão, de revelação, de flagrante, eu acho.
3. Sim, sim, as pessoas podem passar a vida praticando atos bons. É a prática desses atos bons que definirá sua vida. Mas podiam ser atos maus, igualmente. Algo entre a genética, a índole, a educação, o ambiente - algum fato complexo desencaminhará, historicamente, os trilhos "morais" sobre os quais as ações "correrão". Diante do feto, no útero, abre-se uma longa estrada de ferro. E será aí que se revelarão não apenas as ações, mas, igualmente, é aí que se construirá inclusive o trem...
4. Morreu, aos cem anos, a "protetora" do diário de Anne Frank. A história está na reportagem da BBC Brasil. O que me deixou perturbado foi pensar que, depois de dois anos protegidos dos nazistas, dois anos!, escondidos, alguém, até hoje não se sabe quem, os tenha denunciado. Covardia! Maldade! Perversidade! Desumano? Não, bem humano, demasiadamente humano...
5. Tão humano quanto estupros de guerra. Tão humano quanto a fome promovida e tolerada. Tão humano quanto o tráfico de mulheres, de crianças. Tão humano quanto o preconceito, ontem, contra negros, hoje, contra homossexuais. Humano.
6. É nossa tentativa de pensar uma abstração - a Humanidade - que nos faz pensar que inventar um termo assim - desumano - pudesse fazer de conta que há uma Desumanidade. Mas não há, não. Só há a Humanidade, humana, boa, aqui, má ali. Não há um bem em si nem um mau em si. Há os homens e as mulheres vivendo e fazendo coisas. Coisas para o bem. Coisas para o mal.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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