1. Ontem, ouvimos muito, mas muito mesmo, sobre ser grato a Deus: por meio de uma canção especial, por meio de uma canção de fundo, por meio de pronunciamentos formais e "informais". Havia, decerto, uma urgência em se reconhecer a necessidade de ser grato a Deus.
2. Muito bom. Mas - cá entre nós: na prática, o que é que isso significa?
3. Na boca do sacerdote, significa... submeter-se. À hierarquia, primordialmente, e, nisso, às doutrinas, às disciplinas, às práticas. Na boca do missionário, significa sustentá-lo, porque urgente é a missão. Na boca do professor, significa estudar, significa dedicar-se, render boas notas, estar presente. Na boca do profeta, significa a prática da justiça - bem, ao menos se esse é um dos profetas clássicos, do estilo "Amós", porque, quanto aos profetas de hoje, melhor deixar pra lá. Na boca do cantor gospel, ser grato a Deus significa alguma coisa entre comprar o CD e ir ao show, quando não as duas...
4. Se você ouve um pastor midiático da TV brasileira (finalmente um Evangelho à altura das programações culturais!), logo há de compreender que ser grato a Deus significa pagar o carnê, ir ao Templo Maior, ofertar, dar, doar, contribuir, "devolver" (ah, o argumento da jugular...).
5. Ou seja, trata-se de um jargão, uma expressão sem conteúdo próprio, uma caixinha, onde cada um põe dentro o que quer. Esse, põe dinheiro, aquele, caridade, aquele, presença no show gospel do sábado, aquele outro, seu próprio interesse. E assim vai.
6. Definitivamente, essas frases de efeito, ainda que sejam pronunciadas entre - literalmente - soluços de choro midiático, ao microfone, não me entusiasmam mais. São vazias. Ocas. Às vezes, são até sinceras. Outras, hipócritas. Outras, de má fé. Mas nada disso importa: a frase, em si, não significa nada...
7. Eu prefiro dar a ela um sentido "meu", que, de qualquer modo, não é tão meu assim, ainda que bíblico. Trata-se do sentido de viver como os pais querem que os filhos vivam - saudáveis e felizes. Pai, o que queres para mim? Que, primeiro, filho, tenhas saúde e que, então, sejas feliz. Tá, pai, mas o que queres que eu faça? Não, não, meu filho: não é o que eu quero que faças - é o que você quer fazer. Faça isso, e seja feliz. Farás, assim, teu pai - e tua mãe! - felizes...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Um comentário:
Osvaldo,
Li, reli e ratifico.
Obrigada.
Trascrevi no meu blog, tudo bem?
Reservei os direitos autorais, pode deixar. rsrs
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