1. Quando éramos crianças e estávamos na escola, aprendíamos nos sapientíssimos livros escolares uma série de verdades a respeito de como a Natureza estava toda montada "para nós". Árvores, criadas para que tivéssemos sombra, frutos, madeira... Abelhas, para que não nos faltasse mel, própolis... Vacas, a nos darem litros e litros de leite, metros e metros de couro, quilos e quilos de carne... A Natureza olhava para nós e perguntava: estão satisfeitos, nobres senhores? Há algo mais que posso, que possamos, fazer por vocês, máxima figura da Criação? Muito "natural" pensar assim, uma sociedade saída da Teologia européia, gestora eficiente da teologia da criação, tendo o homem como "coroa"...
2. Semana passada, contudo, surpreendi-me, ao comentar uma longa conversa com dois alunos, que me deram carona. Falávamos de paranormalidade, de mediunidade. Controu-se-me uma visão. Um ser aparecia aos pés do "médium", que, diante de tão estranha aparição, perguntava a Deus - quem é? E Deus respondia: é Omulu...
3. Era a doença personificada - o mal, personificado. O "mau", melhor dizer. Deixei a questão de o "mau/mal" ser personificado pelo nome de uma entidade do candomblé. Outra questão me pareceu mais abrangnte: como assim, a doença é o mau/mal? A doença nada mais é que a ação naturalíssima de agentes vivos, na tentativa naturalíssima de... viver...
4. Os germes, os vírus, as bactérias, a vida microscópica, não é o mau/mal. Fazem com a gente o que fazemos com bois e carneiros. Nós comemos milhões de bois, e somos divinos!, as bactérias nos comem, e a doença é o mal? Como assim? Que tipo de racionalidade é essa? Ou isso é mera racionalização capenga?, comprometida que é até os ossos com nossa incurável sindrome de Narciso, agravada pelo criacionismo cristão?
5. Ah, sim, é detestável ficar doente. Mas a doença não é o mal - é a vida, agindo, em seu estado natural, cru, não-moral. Nós no boi, o protozoário em nós - tudo em casa. Tudo normal. Tudo natural. Surpreende-me é "Deus" não saber disso...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Semana passada, contudo, surpreendi-me, ao comentar uma longa conversa com dois alunos, que me deram carona. Falávamos de paranormalidade, de mediunidade. Controu-se-me uma visão. Um ser aparecia aos pés do "médium", que, diante de tão estranha aparição, perguntava a Deus - quem é? E Deus respondia: é Omulu...
3. Era a doença personificada - o mal, personificado. O "mau", melhor dizer. Deixei a questão de o "mau/mal" ser personificado pelo nome de uma entidade do candomblé. Outra questão me pareceu mais abrangnte: como assim, a doença é o mau/mal? A doença nada mais é que a ação naturalíssima de agentes vivos, na tentativa naturalíssima de... viver...
4. Os germes, os vírus, as bactérias, a vida microscópica, não é o mau/mal. Fazem com a gente o que fazemos com bois e carneiros. Nós comemos milhões de bois, e somos divinos!, as bactérias nos comem, e a doença é o mal? Como assim? Que tipo de racionalidade é essa? Ou isso é mera racionalização capenga?, comprometida que é até os ossos com nossa incurável sindrome de Narciso, agravada pelo criacionismo cristão?
5. Ah, sim, é detestável ficar doente. Mas a doença não é o mal - é a vida, agindo, em seu estado natural, cru, não-moral. Nós no boi, o protozoário em nós - tudo em casa. Tudo normal. Tudo natural. Surpreende-me é "Deus" não saber disso...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2 comentários:
"Mas a doença não é o mal - é a vida, agindo, em seu estado natural, cru, não-moral."
Taí, nunca tinha visto por este lado. Faz sentido. A não ser para o câncer, talvez...
Iara, se houver alguma forma de câncer relacionada a agentes bacteriológicos, virais ou afins, tratar-se-ia da mesma. Câncer de pênis, por exemplo, está muito diretamente relacionado à (má) higiene, logo, a agentes infecciosos.
Contudo, como se tem dito, o câncer deriva de "defeito" do funcionamento normal das células, talvez devêssemos lembrar que a "evolução" inteira, ao que parece, deve-se a "defeitos", que a seleção natural trata de distinguir entre felizes e infelizes. Se for assim mesmo, a consciência humana é o final de uma série de defeitos felizes, desde aquela primeira bactéria terrestre...
Quando olhou para a nudez quântica, bom judeu que era, deparando-se com a indeterminação, Einstein teria dito que Deus não joga dados... Ora, que a vida rola sobre uma mesa de feltro verde, desde Darwin já se podia pressupor. Se essas coisas todas forem assim, ou não há Deus, ou ele joga dados, sim. A despeito do bom judeu. E a doença é uma das faces dos cubinhos de Deus...
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