1. Alemanha. Década de 30. Hitler assume o poder. A Alemanha entra em seu pior momento, o pior dos piores momentos de sua história. Três teólogos da Alemanha - Bultmann, Tillih e Bonhoeffer. O olho da história paira sobre suas cabeças...
2. Bultmann decide ficar. O resultado de sua permanência é a desmitologização do Novo Testamento, mas a manutenção da pregação cristã. A desmitologização é, a rigor, uma desjudaização do Novo Testamento, logo, da "fé", da "pregação", da "Igreja". Talvez uma conta de chegada: tiramos a aparência de judaísmo disso e, em troca, continuamos com a romaria... É uma observação severa, eu sei, mas será mera coincidência um querigma ectoplasmático, existencialista, sacramental, homilético, a-histórico, num contexto em que o corpo judeu é transformado em objeto abjeto de perseguição e ódio, e tudo quanto o toca, ao corpo judeu, subjaz à maldição semita? Fazer-se judeu - para judeus - e grego - para gregos... O problema é quando você tem que escolher se é judeu... ou grego...
3. Tillich decide partir. O enfrentamento, sugerem-lhe, é arriscado - haverá, de todo modo, um preço: seja no câmbio de Bultmann, seja no câmbio de Bonhoeffer. Tillich não quer pagar nem uma nem outra moeda. Direito seu. Ele parte. Vai para os Estados Unidos - transforma-se naquele que é, de longe, o teólogo mais importante das Américas, rivalizado apenas pelos teólogos da libertação, latino-americanos, que, no conjunto, mas apenas no conjunto, rivalizam com o colosso que foi Tillich.
4. Bonhoeffer é o único que, explode a catástrofe, está fora. Está no lugar para onde Tillich vai. E, contudo, decide voltar para a Alemanha. Louco? Certamente. Volta. Depara-se com uma Igreja que - a seus olhos - submete-se aos valores e às políticas hitleristas. Louco e politicamente incorreto como os "profetas", sai pondo o dedo em risto na frente de toda autoridade - inclusive da Igreja. Angaria ódios inconfessáveis. Racha com a Igreja. Funda outra - a Confessante. Vão odiá-lo... É preso. Alguém o terá ajudado? Alguém suficientemente forte? Seja como for - morrerá executado pelo regime. Mártir. Voltou. Sabia que podia dar no que deu. Deu.
5. Não se trata de julgar/condenar ninguém. Trata-se, sim, de perceber como cada um deles construiu sua relação com seus valores. Nenhum deles seria "Chefe de Governo" - eram, "apenas", homens de igreja, teólogos. Cada um sabe de si, e, fazendo-se a si mesmo, constitui-se modelo para terceiros.
6. Eis, que, agora, leio um interessante artigo do Emir Sader sobre a permanência de Dilma Rousseff e o "exílio" de José Serra - no mesmo episódio. Enquanto homem e mulher, são como Bultmann, Tilich e Bonhoeffer - suas escolhas competem a eles mesmos. Mas - eis a questão - quando postulam a Presidência da República, parece que seus históricos "contam". Trata-se de escolher alguém que permaneceu e lutou e alguém que "deu um tempo". Entre algué que sabia que podia dar no que deu, e deu, e aguém que sabia que podia dar no que deu, e decidiu, direito seu, ir embora. Um dos dois pode ser o próximo a ocupar a cadeira do Planalto. Quem eu vou escolher. Bonhoeffer, claro.
7. Eis o artigo:
3. Tillich decide partir. O enfrentamento, sugerem-lhe, é arriscado - haverá, de todo modo, um preço: seja no câmbio de Bultmann, seja no câmbio de Bonhoeffer. Tillich não quer pagar nem uma nem outra moeda. Direito seu. Ele parte. Vai para os Estados Unidos - transforma-se naquele que é, de longe, o teólogo mais importante das Américas, rivalizado apenas pelos teólogos da libertação, latino-americanos, que, no conjunto, mas apenas no conjunto, rivalizam com o colosso que foi Tillich.
4. Bonhoeffer é o único que, explode a catástrofe, está fora. Está no lugar para onde Tillich vai. E, contudo, decide voltar para a Alemanha. Louco? Certamente. Volta. Depara-se com uma Igreja que - a seus olhos - submete-se aos valores e às políticas hitleristas. Louco e politicamente incorreto como os "profetas", sai pondo o dedo em risto na frente de toda autoridade - inclusive da Igreja. Angaria ódios inconfessáveis. Racha com a Igreja. Funda outra - a Confessante. Vão odiá-lo... É preso. Alguém o terá ajudado? Alguém suficientemente forte? Seja como for - morrerá executado pelo regime. Mártir. Voltou. Sabia que podia dar no que deu. Deu.
5. Não se trata de julgar/condenar ninguém. Trata-se, sim, de perceber como cada um deles construiu sua relação com seus valores. Nenhum deles seria "Chefe de Governo" - eram, "apenas", homens de igreja, teólogos. Cada um sabe de si, e, fazendo-se a si mesmo, constitui-se modelo para terceiros.
6. Eis, que, agora, leio um interessante artigo do Emir Sader sobre a permanência de Dilma Rousseff e o "exílio" de José Serra - no mesmo episódio. Enquanto homem e mulher, são como Bultmann, Tilich e Bonhoeffer - suas escolhas competem a eles mesmos. Mas - eis a questão - quando postulam a Presidência da República, parece que seus históricos "contam". Trata-se de escolher alguém que permaneceu e lutou e alguém que "deu um tempo". Entre algué que sabia que podia dar no que deu, e deu, e aguém que sabia que podia dar no que deu, e decidiu, direito seu, ir embora. Um dos dois pode ser o próximo a ocupar a cadeira do Planalto. Quem eu vou escolher. Bonhoeffer, claro.
7. Eis o artigo:
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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