segunda-feira, 9 de março de 2009

(2009/077) Da absolvição de Deus


1. Se um juiz evangélico, desses evangélicos que têm na dimensão do mito teológico realidade mais real do que a própria materialidade da matéria, desses que consideram literal e histórica, logo, "humana", a narrativa bíblica, seja a de um Josué parando o Sol, seja a de um Mar inteiro a abrir alas, como as baterias de escolas de samba no sambódromo, bem, se um juiz desses levasse a sério tanto suas leis quanto sua fé, teria de, necessariamente, condenar Deus por abondono de incapaz: deixar um casal de recém-nascidos e inocentes humanos, puros e gentis, imaculados e inocentes, virginais e cândidos, no jardim, à mercê da astúcia da serpente, é, no mínimo, criminoso. Qualquer pai levaria cadeia na certa. Se cabe um inferno inteiro para os filhos desse casal, quantos infernos serão necessários para seu pai?

2. É por isso que me sinto mais confortável apoiando-me na crítica bíblica, porque basta que eu me corrija, informando-me tratar-se de uma narrativa que um grupo político de religiosos, na certa sacerdotes, judaítas, escreveu há uns dois mil e quinhentos anos, para que toda essa culpa ontológica se dissolva, e não pese mais nenhum pecado sob os ombros de Deus...

3. Bem, mas, nesse caso, nos de ninguém...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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