1. Ele passa, diante de mim, e se ri. O dia caminha, impávido, intrépido, inexorável. Não atende aos rogos mortais. Se vai. Como seta de zarabatana, cruza o ar da floresta das nossas vidas. E se ri. Porque, a cada passo, cai um mortal, conquanto nasça outro, com o que se enche d'água a sua boca...
2. Quisera eu agarrar-me ao ponteiro do relógico, e segurá-lo: "Pára!". Logo alguém iria me ajudar, e, juntos, conseguiríamos sustentá-lo, imóvel. Mas para quê?, se eu sei que o ponteiro nada significa além de uma contagem: quantos passos o tempo, a morte, dá, por dia, na sincronia de nossos corações - menos um, menos um, menos um, menos um...
3. Quisera eu parar o Sol, como Josué, mas, dessa vez, de verdade. Talvez ele se apagasse, sei lá, mas que o pararia, pararia. Mas para quê?, se sei que o tempo não vem do Sol, não há nenhuma relação ontológica entre a estrela de fogo e o tempo, senão que aprendemos a medi-lo, circunstancialmente, também em função dos rodopios da cabeleira solar. Assim, parar o Sol revelaria, apenas, que a dor é mais profunda, e o inevitável, ainda mais irrefreável.
4. Que me resta? Dar o braço a torcer, e tentar fruir, gota a gota, de uma outra contagem - mais um, mais um, mais um, mais um. Um engano mágico da consciência ingênua? Talvez sim. Contudo, o mais um está dentro do menos um, a morte, da vida, a esperança, do desalento. E vice-versa!
5. Aqui, agora, estou nascendo, ou morrendo? Não é, apenas, uma questão de foco? Como diz o Pato Fu, o tempo é, afinal, amigo, conquanto seja, para sempre, nosso eterno inimigo.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Sobre o tempo (John)
2. Quisera eu agarrar-me ao ponteiro do relógico, e segurá-lo: "Pára!". Logo alguém iria me ajudar, e, juntos, conseguiríamos sustentá-lo, imóvel. Mas para quê?, se eu sei que o ponteiro nada significa além de uma contagem: quantos passos o tempo, a morte, dá, por dia, na sincronia de nossos corações - menos um, menos um, menos um, menos um...
3. Quisera eu parar o Sol, como Josué, mas, dessa vez, de verdade. Talvez ele se apagasse, sei lá, mas que o pararia, pararia. Mas para quê?, se sei que o tempo não vem do Sol, não há nenhuma relação ontológica entre a estrela de fogo e o tempo, senão que aprendemos a medi-lo, circunstancialmente, também em função dos rodopios da cabeleira solar. Assim, parar o Sol revelaria, apenas, que a dor é mais profunda, e o inevitável, ainda mais irrefreável.
4. Que me resta? Dar o braço a torcer, e tentar fruir, gota a gota, de uma outra contagem - mais um, mais um, mais um, mais um. Um engano mágico da consciência ingênua? Talvez sim. Contudo, o mais um está dentro do menos um, a morte, da vida, a esperança, do desalento. E vice-versa!
5. Aqui, agora, estou nascendo, ou morrendo? Não é, apenas, uma questão de foco? Como diz o Pato Fu, o tempo é, afinal, amigo, conquanto seja, para sempre, nosso eterno inimigo.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Sobre o tempo (John)
Pato Fu
B
Tempo tempo mano velho
E
Falta um tanto ainda eu sei
B E
Pra você correr macio
B E
Como zune um novo sedã
D#m E C#m F#
Tempo tempo mano velho
E F#
Vai, vai, vai...
D#m E
Tempo amigo seja legal
C#m F#
Conto contigo pela madrugada
B E B
Só me derrube no final
B
Tempo tempo mano velho
E
Falta um tanto ainda eu sei
B E
Pra você correr macio
B E
Como zune um novo sedã
D#m E C#m F#
Tempo tempo mano velho
E F#
Vai, vai, vai...
D#m E
Tempo amigo seja legal
C#m F#
Conto contigo pela madrugada
B E B
Só me derrube no final
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