terça-feira, 18 de novembro de 2008

(2008/55) Lévinas, Jimmy, Lévinas!


1. Jimmy, acabo de ler a "Parte I - Ruptura da Imanência", de De Deus que vem à Idéia, de Lévinas. "Ideologia e Idealismo" li duas vezes, já, quase que exegeticamente. Lévinas é exigente. Não se pode lê-lo no metrô (o metrô do Rio, no horário que é útil, vive superlotado, e ler é ler com caneta, escrevendo, rabiscando, medindo o terreno, aerofotogrametrando: no metrô, esquece. Ali, apenas vôo de reconhecimento, para leitura e caneta, depois). Os demais, "Da Consciência ao Despertar", Sobre a Morte no Pensamento de Ernst Bloch" e "Da Deficiência sem Preocupação ao Sentido Novo", li-os todos, atentamente. Não é o suficiente para uma "resenha", mas mais do que suficiente para perceber quem é o Lévinas que fala neles.

2. Arrisco dizer: um soldado diante do "niilismo". Se você olhar de perto, a baioneta que ele empunha foi fabricada na Sociedade de Filosofia, Teologia e Armas da Grécia, e, como a espada de Beatrix Kiddo é feita por Hattori Hanzō, sua baioneta, por Platão - único citado (sempre). É, indubitamente, para o Ocidente, o "pai" do Idealismo. Nesse caso, não é difícil flagrar Lévinas - note bem: esse da Parte I, vejamos os outros - saltando entre Platão, Idéia, Razão e a mística judaica, nesse caso, helenizada e secularizada em Ser, o de Parmênides/Platão.

3. "É preciso contestar a fenomenologia heideggeriana da afetividade que estaria enraizada na angústia da finitude" (p. 81). "Contestar". Quer-se fugir da "angústia da finitude" como "raiz". Quer-se a identidade entre Ser e Sentido. Nada aí, do velho Nietzsche (meu carrasco), criticado logo no portal da entrada como um dos responsáveis pelo naufrágio da "moral" e da "ética". Nada do Heidegger que saiu de Dilthey, que teoriza a fenomenologia da historicidade em ser-aí. Resposta ontológica e metafísica, ainda, para a face da morte - para vencê-la!

4. Quer-se fugir de enfrentar o vento frio na cara. O "fogo de Deus" - você me entende, ouvindo que anda bastante Pondé - afasta o Zéfiro gelado. Não o culpo. O próprio Heidegger, depois de ler o que escreveu, repropos "Deus" - na forma de Linguagem.

5. Não vou dizer que recuso a resposta, a saída desse Lévinas da Parte I. Mas ela tem um nome: mito, e apenas como mito pode ser, por mim, enfrentado. Ah, Jimmy, desgraçado homem que sou, a consciência do mito faz-me imune ao mito-sabido-mito. Mito, só enquanto não se apresenta, enquanto não está nu. Despido, é literatura. Nada além de literatura. Às vezes, irritante literatura...

6. A Parte II "promete": "A Idéia de Deus". Será uma "nova" viagem para o passado?, para Atenas, Jerusalém e Roma/Wittenberg? Sinto-me cansado. Mas, se li Nicodemus!, porque Franklin me deu de presente aquela "coisa", porque não caminharia uma légua mais por quem se fez e faz mais próximo?
7. Impor-se-ia, contudo, uma leitura pública, ponto a ponto.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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