sábado, 9 de abril de 2016

(2016/103) Dos sagrados algodoeiros da memória confederada...


Longa era todo dia a estrada, muito o pó, farto o sol... De um lado da estrada, algodões a perder de vista. Do outro, milharais sem fim... Os milharais pareciam desertos, mas se podia imaginar as centenas de negros a colher e recolher, porque, se se olhasse para o branco infinito dos algodoeiros, lá estavam eles, curvados, recurvados, dobrados, recolhendo a flor, os fios, a fortuna...

A melhor memória de sua infância era daquelas longas caminhadas em direção à escola, as orações que a professora fazia no início de cada aula, a leitura do salmo... O mundo era maravilhoso... Deus havia posto cada coisa certa em seu certo lugar...

Disso se soube de seu diário, que escreveu um pouco até sua morte, que não suportou os pés dos soldados da União a pisarem os algodoeiros confederados...










OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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