"Não se trata de uma cena erótica. Trata-se de uma cena político-teológica. Trata-se da desconstrução do regime de controle político-religioso do corpo feminino exercido pela classe dominante. O que recorda a tese da pedagogia histórico-crítica de Dermeval Saviani (2008), a Amada acessa o instrumento de domínio da classe dominante e o destrói. Para destruí-lo, desconstrói a sua i...nstrumentalização político-teológica: o desejo da mulher camponesa judia não tem nada de maldito, porque ele está igualmente presente no camponês homem que, a despeito disso, não foi dado como maldito por força desse desejo que igualmente o toma. A Amada sabe que se trata de mitoplasma, de mentira política, de instrumento de controle social. Sabe, recusa-se a se submeter a ele e o destrói em sua fragilidade retórica. O desejo, ela diz, não tem parte com a maldição. O meu desejo, ela assevera, não é corrente de prender os pés".
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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