A crítica da religião é interpretada como postura não conforme à "independência" valorativa que se deve ter quando o objeto de estudo é a religião... É o que se diz...
Vejo dois problemas nessa tese.
Primeiro: impossível estudar crimes, violações de direito, violência doméstica, abuso de crianças, tudo isso tema/objeto de pesquisas necessárias - mas não se pode estudar, porque se é naturalmente crítico de tudo isso e, todavia, não se pode ser crítico do objeto...
Não seria mais coerente considerar-se que a crítica não é um problema, em tese, desde que não interfira na pesquisa? Mas o que parece estar em jogo é o desejo de supressão da crítica...
Segundo: ora, meus amigos, se a crítica é um empecilho, então que o envolvimento direto com a religião também o seja: por que religiosos profissionais poderiam pesquisar a religião - e isso não lhes pesaria metodológica e epistemologicamente - e um crítico, não? Por que um pastor poderia e um não pastor, critico, não? Ou, sendo menos radical - porque o "amor" do religioso à religião seria menos prejudicial, em termos heurísticos, do que a crítica de um crítico?
Sobrará, então, para os indiferentes fazerem pesquisa...
Mas os há?
Resumo da ópera: sou crítico, mas acho que posso dar conta do recado.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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