Em "O que é religião", Rubem Alves escreveu uma introdução interessante. Ele "apenas" desbanca - ousadia! - Weber. Não lhe cita. Mas não precisa. Em três blocos, ele constrói o seguinte argumento: a) a religião era a dona do mundo; b) surge a ciência e empurra a religião para a periferia; c) na verdade, a ciência é religião metamorfoseada, de forma que a religião nunca deixou de ser a dona do mundo, apenas parte dela mudou de aparência. Rubem Alves diz, então, que, no fundo, não houve secularização.
Ciência é religião metamorfoseada?
O argumento de Rubem Alves é que a ciência assumiu o controle das perguntas religiosas: de onde viemos?, para onde vamos?
É aí que eu penso que Rubem Alves está errado.
Essas perguntas não são perguntas religiosas. São perguntas existenciais, que podem até ter respostas religiosas: viemos de Deus, de Olorum, de Buda, de Krishnah. Mas podem ter respostas não-religiosas: viemos das estrelas e da primeira célula viva do planeta...
Uma vez que coopta para sua pan-religiótica a pergunta existencial, Rubem Alves se julga no direito de poder dizer que ciência é religião transformada...
Eu, como penso que ele emprega um argumento sem base, sou forçado a discordar dele: ciência não tem nenhuma relação com religião. São procedimentos humanos completamente diferentes.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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