sábado, 17 de maio de 2014

(2014/454) Escrito. E desenhado.


Eu estou para o objeto que eu tenho assim como o objeto que eu tenho me tem e está para mim (isso seria Marx, diz Mészáros). Nesse sentido, é impossível que eu tenho a religião e pense poder superá-la, se eu a tenho enquanto tal - porque, se eu a tenho enquanto tal, então é enquanto tal que ela me tem.



(...)



Vou tentar explicar.

Mészáros, um dos mais respeitados comentaristas de Marx, afirma que Marx dizia que quando eu tenho um objeto, o objeto me tem igualmente. É uma relação dialético-complexa. No contexto, fala-se de alienação... A relação entre sujeitos alienados aliena objetos e a relação de sujeitos com objetos alienados aliena o sujeito.

Eu apliquei imediatamente o conceito à religião. Tomando-a como objeto, pensei que a religião, que eu tenho, igualmente tem a mim. Eu a tenho e ela me tem.

Se minha relação com ela é na dimensão não-esclarecida do mito, ela, enquanto objeto mitológico, me toma nessa condição - e eu aprofundo cada vez mais a minha alienação na medida em que tenho-a, assim, na condição de mito, porque ela, nessa condição de mito,. radicaliza cada vez mais minha condição alienada.

Ou seja: não é possível educar alguém por meio da religião, porque se trata de um objeto de alienação por excelência...









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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