Estritamente no campo acadêmico (mas sempre há implicações políticas!) , vou responder ao meu amigo Ágabo Borges de Sousa aqui, e não no seu post, para não misturar os assuntos, já que o tema no contexto é política e manipulação religiosa de fieis e não quero transformar a discussão, que me tocou, com partidarismos políticos e religiosos de qualquer tipo.
Ele cita Marx, a clássica declaração da religião como ópio do povo (com a qual eu concordo integralmente - bem como todos os governos, que a usam justamente na batalham de votos e controle social, de Mandeville a Voltaire, de Nietzsche ao Estado Moderno) e, então, faz o seguinte comentário:
"Eu peço licença para discordar de sua visão antropológica, no qual o ser humano seria apenas sua existência (a afirmação do ser no tempo e no espaço determinado pela economia) negando, praticamente, a sua transcendência".
Bem, se com "transcendência" quer-se insinuar a realidade de Deus (mas só o próprio, não os demais!), então tem-se que negar mesmo essas transcendência. Agora, se transcendência é apenas a abertura do homem para a crença em "mistérios", a religião é sua prova.
A palavra transcendência virou um gatilho. Usa-se a palavra com sentidos não explicitados, porque ela poderá servir ao receptor - para o fundamentalista, transcendência é seu Deu-doutrina; para o moderado, é o Deus-símbolo (uma contradição, mas quem está interessado em coerência?).
Assim, eu não apenas acho que Marx está certo, religião é ópio do povo (os líderes estão geralmente a salvo disso, e, em lugar de serem controlados por ela, controlam-na - são os traficantes do ópio, digamos assim), quanto acho mais: acho que o uso da palavra transcendência deve vir acompanhado da sua definição, caso contrário, é mais um alucinógeno à venda...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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