domingo, 20 de abril de 2014

(2014/275) Da mistificação da defesa dos (próprios) mitos

Quando você ouvir dizer que o mito é necessário, entenda que o sujeito está dizendo que o mito dele é necessário. 

No caso cristão, por exemplo, em que os defensores das "narrativas para dar sentido" argumentam quanto à necessidade delas, e fazem floreados discursos, dão-se conta de que, para viver, esses mitos tiveram que:

a) primeiro, matar todos os outros que havia antes?

b) matar todos os mitos que ainda exitem?

c) gerar uma narrativa única e planetária?

Ora, senhores - se o sujeito acredita mesmo na necessidade dessas narrativas, do tipo de narrativa que esses mitos são, ele defenderia o direito de os demais mitos permanecerem - seria radicalmente contra o assassinato dos mitos dos doutros em nome da multiplicação geográfica, política, desse mito em especial, além de se condoer honestamente com o fato de que inúmeras outras narrativas, que, nesse sentido, eram necessárias para dar sentido ao povos antigos, terem sido assassinadas por esse mitofágico experimento político-narcisista.

A mim me parece mais é fabricação de argumentos a dar sustentação a um processo anti-ético, perverso e pervertido, pintando-o com cores doces e azuladas, róseas pinceladas de tons pastéis, quando, abaixo Alguns milímetros da superfície, dormem os cães de guerra...

Mistificação.





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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