sexta-feira, 18 de abril de 2014

(2014/266) Mito é mentira?


Mito é mentira?

Bem, a gente pode dar voltas e voltas e voltas para dar um sentido "positivo" ao mito, mas, convenhamos, em sentido estrito, mito é uma mentira que se conta sobre alguma coisa para dar sentido - o que não havia antes da mentira/mito - àquela coisa.

Não importa se o mito é ingênuo (Papai Noel), nacionalista (Pátria-Mãe) ou religioso (Trindade). Mito é uma mentira que se inventa.

Pode ser inventado pelo próprio grupo, num processo coletivo; pode ser inventado por líderes, com os mais diferentes propósitos, mas, sempre, com interesse de controle social. Pode ser inventado por uma pessoa para poder dormir de noite e brincar de semântica existencial... Mas mitos são invenções, mentiras, santas ou não, pequenas ou grandes, que inventamos para viver.

Mas funcionam apenas enquanto não olhamos para eles, para elas, e dizemos: mentira. Se dissermos a palavra mágica - "mentira" - acaba o seu poder...

Em alguns casos, o mito sai, mas aquilo que ele procurava legitimar ainda pede legitimação e, então, temos de nos haver com a coisa deslegitimada, inventando novo mito ou enfrentando a sua condição de sem sentido. Noutras, sai o mito e não há mais nenhuma necessidade sequer de pensar na coisa igualmente falsa que ele tentava legitimar.

Cada caso é um caso - quem trata os mitos como um pacote, não sabe ou não quer que saibamos o que são os mitos.

Mas, para todos os fins, mentiras.







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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