Mito é mentira?
Bem, a gente pode dar voltas e voltas e voltas para dar um sentido "positivo" ao mito, mas, convenhamos, em sentido estrito, mito é uma mentira que se conta sobre alguma coisa para dar sentido - o que não havia antes da mentira/mito - àquela coisa.
Não importa se o mito é ingênuo (Papai Noel), nacionalista (Pátria-Mãe) ou religioso (Trindade). Mito é uma mentira que se inventa.
Pode ser inventado pelo próprio grupo, num processo coletivo; pode ser inventado por líderes, com os mais diferentes propósitos, mas, sempre, com interesse de controle social. Pode ser inventado por uma pessoa para poder dormir de noite e brincar de semântica existencial... Mas mitos são invenções, mentiras, santas ou não, pequenas ou grandes, que inventamos para viver.
Mas funcionam apenas enquanto não olhamos para eles, para elas, e dizemos: mentira. Se dissermos a palavra mágica - "mentira" - acaba o seu poder...
Em alguns casos, o mito sai, mas aquilo que ele procurava legitimar ainda pede legitimação e, então, temos de nos haver com a coisa deslegitimada, inventando novo mito ou enfrentando a sua condição de sem sentido. Noutras, sai o mito e não há mais nenhuma necessidade sequer de pensar na coisa igualmente falsa que ele tentava legitimar.
Cada caso é um caso - quem trata os mitos como um pacote, não sabe ou não quer que saibamos o que são os mitos.
Mas, para todos os fins, mentiras.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário