sábado, 5 de abril de 2014

(2014/151) "E o véu do templo se rasgou"...


Reza Aslan fez um comentário (em Zelota) sobre a tradição do véu rasgado que me deixou pensando. Ele comentou muito rapidamente, e não desdobra o pensamento, mas me deixou pensando... Ele disse que a tradição do véu rasgado tem a ver com a destruição do Templo. Os cristãos de Jerusalém permaneciam judeus, cumpridores da Lei e vinculados tanto ao templo quanto à sinagoga. Para esses cristãos, a destruição do templo também significou uma tragédia - e a tradição de o véu ser rasgado pela cruz seria, então, uma releitura positiva de seu novo contexto - com Jesus, não precisamos MAIS do templo, porque o véu foi rasgado... Ou seja: não é a superação do templo, sua rejeição - pelo contrário, e isso explica a desgraça toda de nossa tradição - é o aprofundamento da teologia do templo, a sua super-valorização - tudo que fazíamos antes, no templo, agora fazem no Cristo...

O curioso é que, a despeito de a Igreja extra-jerosolimitana ter lido a tradição como um conflito e uma rejeição do templo (o que parece ser terminantemente falso), ela agiu da mesma forma - o templo está, inteiro, em cada letra dos códigos de teologia cristãos desde há dois mil anos.






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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