segunda-feira, 4 de novembro de 2013

(2013/1318) Eclesiastes - se não é naturalização conservadora, será indiferença aristocrática?


Eclesiastes conclui pela saída personalista: comer o próprio pão, beber o próprio vinho, amar a própria mulher, encontrar prazer nas próprias obras. O resto é vaidade, névoa, bruma, vapor...

Por minha conta, concluí que Eclesiastes naturaliza as condições de sofrimento e injustiça da vida: a única coisa que vale a pena nessa vida é aproveitá-la... quem pode.

Ora, o narrador de Qohelet é ou o rei ou alguém da corte - ele é um benê 'adam, um dos filhos de Adão, que, na Bíblia Hebraica, constitui o conjunto dos homens do rei. Ele é um nobre. Ele, pois, pode se dar ao luxo de comer seu pão e beber seu vinho. Ele os tem...

Se não se trata de naturalização das condições sócio-políticas da vida, e ele falara justamente sobre elas, denunciando que o justo sofre e o injusto goza, tratar-se ia de que, então?

Simples indiferença aristocrática - danem-se os homens comuns, o povo! Ao povo não cabe o pensamento de prazer, de felicidade - esses são valores aristocráticos! Ele é um homem do século XVIII ou XIX, um Kierkegaard ou um Nieztsche?, se não exagero no primeiro, mas sem nenhuma chance de exagero no segundo?

Que alternativa haveria, se não naturalização ou indiferença aristocrática?






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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