Coisas que, se você disser, dependendo da época, matam você:
- quando quiser conversar com seu Pai, tranque-se em seu quarto (o que quer dizer: não se preocupe em ir ao templo ou a virar-se para lá - isso se resolve domesticamente...);
- se você precisar fazer alguma coisa no sábado, faça: o sábado foi feito para você, não você, para o sábado (ou seja, não se preocupem com as regras que os religiosos [fariseus] estabelecem: viva a sua vida);
- Deus é 'abba, isto é, pai(zinho) (ou seja, não precisa aproximar-se dele como se fosse um rei, um imperador - ele é de casa, da sua casa);
Em tudo isso, vejo uma familiarização da religião, um processo de tirá-la do templo, da sinagoga, dos centros administrativos da fé e entregá-la (devolvê-la?) à esfera da casa, da família...
Estarei certo?
Se sim, a despeito de se tratar, agora, de um acréscimo, poderíamos pôr nesse conjunto, como pá de cal e definitivo "enterro" da teologia sacerdotal, a fala de Jesus à mulher adúltera, que faz de Paulo uma teologia ainda templário-sacerdotal: "eu não te condeno"...?
Alguém escrever isso em pleno século II, em pleno vigor da teologia paulina e do andamento veloz da clericalização sacerdotal dos cristianismos originários, soaria ainda mais subversivo do que tudo o que Jesus disse antes de ter sido cooptado pela teologia dos sacrifícios de Jerusalém...
Roma matou Jesus. Mas o maquinista do trem da morte era um judeu muito religioso...
Roma matou Jesus. Mas o maquinista do trem da morte era um judeu muito religioso...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário