Olha que conceito lindo!...
Mas ele diz que o triângulo é quadrado...
Ah, mas é lindo! Não te perguntei a opinião...
Ah, tá...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Blog de Teologia, Filosofia, História, Política, Fenomenologia da Religião, Cultura e Arte de Osvaldo Luiz Ribeiro.
7 comentários:
Soubesse vc o que é um conceito em Filosofia! construto peculiar da prática filosófica...
A beleza de um conceito é apenas uma dimensão! Há uma rede de conceitos que se interligam em determinado Filósofo e compõem um mundo. Como é delicado produzir um conceito!Há toda uma problemática ao qual ele responde. É uma forma de operar diferente da Ciência e da Arte.
De fato, talvez vc tenha razão: se num conceito filosófico há um paradoxo, a doxa deve apenas recuar e se despedaçar.
Mas há que se perdoar um teólogo por acreditar tanto na doxa.
Recomendo "O que é Filosofia" de Gilles Deleuze e Felix Guattari. Mas eu entendo o quanto é difícil livrar-se da formação religiosa.
Curioso como você parte (sempre) do pressuposto de que não sei... Curioso mesmo, isso...
Deixo de lado essa sua mania, esse seu pressuposto...
De outro lado, jogar-me à face a minha "formação religiosa". Essa é para rir... Para morrer de rir...
Quanto ao livro que indicas, tenho-o. Li-o. Mas prefiro Jerome Barkow...
E acho formidável o discurso de que na Filosofia a doxa se esborracha... Essa é de dar frissons...
Eu, como vc, "acredito" no conhecimento objetivo... minha questão não é essa grosseria binária:objetivo vs não-objetivo. Simplista demais. São os graus dessa objetividade, o quanto de "objetividade" há no chamado conhecimento objetivo...O que se quer é o máximo de objetividade!!! O máximo de realidade que podemos! Passa isso bem longe de relativismo bobo... ou essas bobagens das quais vc acusa.
Isso pra dizer que não é um pressuposto a sua "ignorância". Eu entendo que vc não é nada ignorante. É objetivamente sua demonstração na escrita. Ninguém que tenha passado pela História da Filosofia fala assim de conceitos! Quanto ao "frisson", desde antes de Heráclito há uma dualidade entre aletheya a doxa. Não é invenção "pós-moderna", logo... é um sintoma da não passagem pela História da Filosofia.
Engraçado como vc acusa do inverso do que penso. Já que como "pensamos", exige-se livrar-se das ficções para ter mais real, e isso certamente requer problematizações por ex. da instituição epistemológica moderna por excelência, Kant. Vc diz que foram os pós-modernos a diluir o real, no entanto as bases da modernidade, Descarte e Kant, foram os primeiros a subordinar o real a um sujeito prévio e metafísico.A dizer que o real tem algo de projeção do sujeito a priori. Não descarta isso, descarta-se que seja só e tão somente isso. Pode-se conhecer mais do que essa projeção, por ex. Spinoza e Bergson nos dirão isso. Há graduações nesse conhecimento objetivo, e pode-se mais do que se determinou como os cógitos. "Não se sabe ainda o que se pode um corpo": nos dirá o Benetictus.Isso é uma problemática da Historia da Filosofia, não tem nada de contemporâneo nisso! Dizer isso tem algo de ignorante e apressado.
Querendo vc ou não, isso é objetivo o bastante para os interessados, muitos pressupostos kantianos se escondem por ex. na neurociência. Há demasiada subordinação do real as categorias a priori do sujeito entendido atualmente como orgânico.
A minha investigação é profundamente limitada a área da Filosofia, e pela Filosofia eu saio da Filosofia em direção a Ciência, não tem como ser diferente, já que cientista eu não sou.
O que quis dizer é que não espero nem exijo que alguém da área de Teologia ou Ciências da Religião tenha alguma delicadeza pra com a Filosofia... Em muitos e muitos pontos vc tem uma superioridade abissal sobre mim, que sou ainda muito novo e não sou nenhum doutor... Seria bobo exigir essas delicadezas. Só que algumas coisa que vc escreve são muito grosseiras... gente lê essas coisas...talvez ache a última palavra. Nem quero que a minha seja a ultima, nem estar certo, quero colocar os problemas que, ao menos onde fui e sou formado, são as coisas mais corriqueira.O que quis dizer é que talvez, embora com todos os méritos, as formações religiosas pode ser cheias de preconceitos apressados, Deus se disfarça no Homem...o fanatismo religioso se esconde na ciência...isso é clássico. E embora não se saiba, o inconsciente que se produz é superior aos poderes da consciência; nem se percebe quando se está sendo religioso, a maioria as vezes.
Bem, já mudou drasticamente o quadro... Sai-se de uma geleia de conceitos para um chão firme, onde há objetividade, mas marcada por subjetividade...
Se a declaração não for meramente retórica, estamos em solo moderno. Se não passar de retórica, volta-se para o lamaçal pós-moderno, em que nada se pode pegar com a mão, mas os pós-modernos fazem que pegam, porque eles têm discursos firmes sobre os discurso "infirmes" dos outros...
A presença da subjetividade é ululante. Você, que gosta de usar a palavra "bobagem", ouça-a de volta: uma bobagem, um lugar-comum.
A questão não é se há subjetividade, já que somos sujeitos e só podemos funcionar na condição de sujeitos a questão é se os olhos desse sujeito conseguem ver ou não.
Se sim, voltamos ao meu mundo. Se não, não sei por que estamos discutindo, já que tudo é espuma...
Não é retórica,pra mim em consonância com outros autores com quem penso, todo o exercício de pensar se faz rasgando as obstruções, os clichês, as maquinações epistemológicas que nos danam a cognição do mesmo, que castram a capacidade de mais objetividade e mais neutralidade.Sim, neutralidade!
Talvez a pecha de pós-moderno nasça das "nossas" questões colocadas aos cógitos que fundam a modernidade. Mas dizer "pós" não é o caso, já que não se trata de superar a modernidade(não existe superação em Filosofia!), mas colocar problemas, extrair deles uma potência maior de conhecer o real, que talvez as formações e instituições históricas da época tenham impedido. É antes continuar a modernidade, avançar em suas forças críticas. Toda a conquista da liberdade é idêntica a uma conquista de maior objetividade e neutralidade, maior conhecimento do real, um conhecimento da imanencia, cada vez mais imanente e despojado de ficções. Não pode ser retórica isso; é toda a prática da liberdade de alguém que faz do pensamento a vida, e da vida o pensamento.
Talvez, o que estranhamente faz causar esse efeito inusitado de um "esvaziamento da realidade", seja o colocar problemas à representação. Quando a representação é vista como realidade, questionar a representação se torna agnosticismo do real.Mas isso, ao meu ver, foi inventado pelos preguiçosos precipitados que não quiseram entender o problema, sossegados em seus castelos de certezas, e a função castradora que a representação exerce tanto na Ciências naturais e humanas, quanto na Filosofia. Não é que a representação não seja real, que não contenha real, o problema é que tem pouco de real, um real sob medida, controlado, útil, e que sempre funcionou politicamente. Todos os avanços das Ciências aconteceram quando se romperam esses clichês. O que quer-se é rasgar os clichês e aumentar a potência de conhecer o real, mais objetividade e mais neutralidade.
ps: Aqui é preciso situar-se em todo o debate a cerca do que é e como funciona a representação, que precisa ser bem conceituada aqui pra não dar maus entendidos.
Somos sujeitos,mas ironicamente foi sempre a noção de sujeito quem obstruiu o conhecimento do real. Ex.Uma das diferenças que há no cógito de Spinoza e o Cógito de Descarte.Em Descarte,a substância pensante se coloca como absoluta diante de um real sempre suspeito de fantasmagoria. Ele pode apenas ter a certeza de si mesmo, a consciência. Spinoza não, diz que essa certeza de si mesmo é um 1º gênero de conhecimento; o 2° gênero seria conhecer as causas externas de tudo que nos afeta de fora, a matéria, e ainda haveria um 3º que seria conhecer a essência das coisas em si mesmo. Sem debates com Descarte ele traçou outras linhas para o conhecimento do fora que desfaziam o cogito cartesiano, que aliás tinha uma substância diferente da matéria e contava com Deus para harmonizá-lo com ela.
Descarte,seria pós-moderno, e no entanto, é um dos pilares da modernidade.
É que as noções de sujeito foram reguladas pela ideia de "ação sobre a matéria", e não "conhecimento da matéria". Quando questionamos a representação, é que é a fatia de conhecimento útil que serve apenas para atuar sobre a matéria, e não conhecê-la em si mesmo.
É preciso enxergar que o humano tem esse tipo de conhecimento útil que prevê e age sobre o fora, mas tem um grau de conhecimento desse fora baixo nesse setor. Urge então escapar desse esquema da ação sobre a matéria, sensório-motor, para conhecer esse fora em si mesmo; isso é; efetuar toda a nossa potência de conhecer o fora, seja com ciências, filosofia ou artes. (isso aí já leva a outra conversa)
É isso que chamo de pensar! que distinguo de cognição, que seria apenas reconhecer algo para atuar sobre ou diante.
Não há a menor condição de eu ser um agnóstico do real, estou sobre o solo de Spinoza; há nos corpos e mentes humanas uma potência (talvez nem tão humana) de conhecer a matéria e as causas que nos afetam de fora, e esse conhecimento é idêntico a liberdade e a alegria. Sem ele somos escravos das superstições e tristes, no sentido spinozano.
As vezes, me surpreendo com seus escritos (agora vem debates), é que vc atribui, via ciências, uma potência de conhecer o real orgânica, cerebral; nisso não estamos de acordo. Penso que o organismo esquadrinhado pela ciência biológica talvez só seja capaz do 1º gênero de conhecimento. O conhecimento necessário pra agir sobre o fora e sobreviver, o que institui o bom senso, e que pode se prolongar em alguns postulados da ciência.
É que o organismo se constitui e consegue emergir sobre esse conhecimento da previsão e da ação sobre o fora. Sem isso ele não vive. Mas na vida humana há um tipo de potência para além do orgânico, um potência de síntese que diferencia a matéria e o psiquismo e o organismo em si mesmo. Chamamos a "potência do corpo" e não o organismo. A diferença do corpo pro organismo é importante:o corpo não tem só coisas com carbono, ele tem um poder de contrair o fora e sintetizar e diferenciar em si. Produzir em si um inconsciente, digamos. Não seria preciso invocar Deus doador de racionalidade, e nem uma racionalidade a priori metafísica. Há uma potência produzida pela síntese do fora, da matéria, síntese de coisas inorgânicas.Estamos aqui por ex. com o empirismo de Hume. Isso, sei, pode levar a longos debates. Mas quando se atribui o conhecimento humano as funções do organismo, a verdade é que perdemos muito do real, começando pelo próprio humano! Já que o humano não é constituído de forma alguma apenas de organismo, mas de um poder contraente que consegue sintetizar o inorgânico e diferenciá-lo e si de maneira imprevisível e inusitada. Sempre que a vida humana é desfeita em organismo, soa-me perigoso, o empobrecimento da vida. Ex. quando as eugenias americanas e alemãs e italianas e até brasileiras pretendem sua engenharias políticas e sociais, reduzem o humano ao biológico, aos cromossomos e genes, despojadas dessa potência de contrair e diferenciar o inorgânico, despojadas de transcendental. Por transcendental entenda apenas a potência de diferenciar-se por síntese do fora, nada metafísico e nada religioso.
Blasfêmia, não?
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