1. Conheço três grandes modelos mitológicos para a explicação da vida humana e a saída para seus infortúnio de viver.
2. A primeira, talvez a mais antiga delas, é a compreensão da vida como um ininterrupto looping - um eterno ciclo que se repete infinitamente: os anos (Eterno Retorno) e as vidas humanas, capturadas no sansara - a rede de re-encarnações. Sua versão clássica é o Hinduísmo e, mais recentemente, foi repaginada pelo Espiritismo, que lhe emprestou alguns aspectos da doutrina cristã.
3. A segunda reposta é a da aniquilação completa da consciência, logo, da vida: o Nirvana. A partir dessa concepção - budista - o homem pode escapar da rede cósmica dos ciclos ininterruptos, pode aniquilar-se no Nirvana e pôr um fim definitivo ao sofrimento da existência. A concepção moderna da inexistência de vida após a morte me parece um correlato secularizado dessa percepção mitológica, com a vantagem, todavia, de que você não precisa fazer nada para livrar-se do sansara - ele, simplesmente, não existe.
4. O terceiro modelo que conheço é o persa - a vida se explica pela luta de duas forças contrárias e não-idênticas ou não-implicadas, forças éticas - um lado bom e um lado mau. Os homens devem escolher de que lado estão. No fim, um Juízo e um Juiz darão um termo a isso - os maus vão para a fogueira do mal e os bons para o celeiro dos bons. Não, não é cristã essa saída - é persa: os cristãos tomaram-na de empréstimo aos judeus que, por sua vez, a tomaram de empréstimo aos seus criadores, os persas.
5. Dito isso, me parece correto dizer que você é ou hindu, ou budista ou zoroastriano. Ser cristão é uma sub-categoria, não-original e não-criativa, do judeu-zoroastrianismo.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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