terça-feira, 2 de julho de 2013

(2013/670) Por tanto tempo eles se sustentaram lá, e achamos isso bem coisa de Deus


Não acredito mesmo que Dilma seja populista, esteja aplicando golpe populista ou possa ser considerada uma aventureira. Essa leitura não suporta a realidade dos fatos históricos. Revolucionária, vá lá - se ainda o é. Mas populista, não acredito.

Dito isso, eis o que vim aqui escrever.

O Brasil está há séculos na mão de poderosos, da elite, dos donos do capital, das terras - sempre eles, os mesmos. Para garanti-los, sob nossos olhos, sempre os mesmos serviçais a soldo - a mídia, a política, a magistratura - sempre com as exceções de luta. Mas, sem a mídia, a política e a magistratura sob seu estrito controle, não estariam no poder há cinco séculos.

Achamos isso "normal" - é assim que as coisas devem ser.

Reclamamos, resmungamos, fazemos nossas bravatas, eventualmente, com a cara cheia de cerveja.

Mas, no fundo, achamos que é assim que Deus quer as coisas - como Lutero, que, entre escolher entre camponeses e o sistema, escolheu o sistema, sob Deus e em nome de Deus, amém...

E, então, depois de anos de luta, um metalúrgico assume o poder...

Preocupação de todos.

Agora, a Dilma.

Horror nos olhos de todos...

Ó, ela é populista! Ó, ela quer plebiscito! Ó, ela vai manipular o povo!

Bem, meus amigos - e se fosse? E se, no fundo, o povo não passa de massa de manobra na mão de FHC, de um lado, ou Lula, de outro.

Digamos que seja esse o quadro...

Está posta a questão: classe.

Mesmo quando você tira o povo, fica claro o lado em que você está, "naturalmente" - o lado de quem sempre manteve as coisas como estavam até hoje...

Não se te dá conta disso?

Aos engravatados, aturamos, suportamos: porque eles estão com Deus. Que roubem, que manipulem, mas eles são os herdeiros da coroa, a elite sobre nós...

Mas basta outra classe assentar-se lá - e que seja para fazer a mesma coisa! - nós não podemos tolerar: não é natural, não é de Deus...

E, vejam, deixei o povo de lado, de fora.

Agora, vá lá fora e pergunte a ele...

Ou teremos profetas sem povo também, num país de políticos sem povo?








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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