Dei-me conta de que a TV e, até certo ponto, a Internet e as revistas me fazem um mal específico - além de outros: fazem-me comprar a ideia de um corpo perfeito. As mulheres que mostram, com as quais se vende tudo - até Bíblia! -, são artificiais, artificializadas, maquiadas, penteadas, disfarçadas em suas imperfeições, incidindo sobre elas jogos de luz e sombra, quando já não tratadas na própria imagem por efeitos mágicos digitais...
Isso faz com que construamos uma ideia errada da realidade. Fico pensando o sentimento que deve invadir muitos casais: ela, sub-sensibilizada por sua comparação acintosa em horário nobre, ele, levado à comparação criminosa entre a realidade ao seu lado e um produto de comércio, ali na TV.
Isso desce até o profundo do cérebro...
Em alguns casos, isso sai pelos olhos, pelos poros, pela boca. Em alguns casos, isso dá separação. Em outros, recalque, frustração.
Homem e mulher somos vítimas desse bombardeio diário, ininterrupto, essa lavagem cerebral programática - em nome do comércio...
É preciso enfrentar isso.
A começar em nós mesmo.
É preciso fazermos as pazes com a realidade - como ela é: dirigirmos nossas energias para as transformações sociais, que importam, não para as transformações dirigidas de nosso corpo cansado para espetáculo de cifrões e circo, instrumentalização da libido no parque humano.
Não faço apologia do descuido, do desalinho, do relaxamento. Faço apologia, aqui e agora, contra a voz da mídia: não existe a mulher que eles fabricam...
Se duvida, veja as "glamurosas" em TV full HD e conte-lhes os poros abertos, que nem a Globo consegue esconder de suas vedetes de ouro...
OSVALDO LUIZ RBIEIRO
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