terça-feira, 21 de maio de 2013

(2013/548) Você, eu e o púlpito - ah, e Deus, quanto a isso tudo


1. A respeito do púlpito, você e eu temos pensamentos quase iguais.

2. Eu duvido que algum Deus, seja quem for, fale ali, fale por meio de quem ali esteja. Duvido. Não fala. Veja: estou assumindo o risco de dizer...

3. Você também duvida. Mas é diferente o modo como você faz. Você ouve o púlpito com um filtro. Funciona assim: se o pregador fala o que você acha que é de Deus, então você aceita o que ele está falando como sendo de Deus, como se o próprio Deus dissesse...

5. Todavia, e esse é  detalhe significativo, quando o pregador ou a pregadora diz alguma coisa que você não aceita como de Deus, então você não ouve o que ele está dizendo como se Deus tivesse dito. Você faz a crítica do discurso: você recusa a sacralidade do discurso.

6. A diferença entre você e e eu é que, em relação ao púlpito, eu assumo tudo como humano e apenas humano - e, amiúde, quanta ignorância se exala dali de cima! Já você aceita umas coisas e rejeita outras - para você, algumas coisas ali ditas é Deus quem diz, outras, a "carne"...

7. Moral da história: Deus é você. Você é quem decide o que é de Deus ou não, ali - e o que é de Deus é o que você diz que é de Deus...

8. Há idolatria maior do que essa?

9. Alguns fazem imagens de deuses.

10. Você funciona como se você fosse o próprio...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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