terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

(2013/145) Sobre a falsificação do passado


_ Mas, Osvaldo, qual o problema de se falsificar o passado?

_ O problema é que nunca se trata do passado, mas do presente.

_ E daí?

_ Daí que a falsificação do passado responde, de um lado, à manipulação do presente. No caso de Gênesis 2-3, faz-se o passado ser o que não era - um problema moral, e, então, diagnostica-se o "mal" do presente como sendo o mal moral...

_ E daí?

_ Daí que os de direita trabalham contra a "des"moralização - veem como o mal do mundo os pecadilhos da carne, e, mesmo quando gravíssimos, reduzidos à moral. Já os de esquerda, trabalham sobre a mesma falsificação - mas, agora, contra a própria moralização: direitos homoafetivos, aborto, liberdade sexual...

_ Algum problema com isso?

_ Não enquanto tal, mas todo o problema enquanto desvio da questão real do presente e do passado: a autonomia. É a questão da autonomia que se encontra lá, em Gênesis 2-3, e que fica escondida - de modo que a direita se refestela na heteronomia normativa e a esquerda se apequena na defesa de uma heteronomia "libertária" - Deus fará a revolução! Não, Deus nunca fará revolução alguma. Deus nunca libertará ninguém!  E é disso que se trata, sempre: ingenuidade da esquerda "religiosa" e oportunismo da direita de todos os tempos.





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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