domingo, 10 de fevereiro de 2013

(2013/098) Ainda sobre pretos-escravos e ainda sobre o gospel

Sobre negros e gospel, ainda...

No Brasil, os negros puderam manter atabaques, culto, tradições. Um caldo miscigenado e sincrético de tradições tribais converteu-se em nosso Candomblé (que, sob a forma de sincretismo africano-escravo, é uma religião brasileira!).

Nos Estados Unidos, não se permitiu o uso de atabaques nem a manutenção das tradições. Com raras exceções - e ainda assim, provavelmente, re-introduzidas pela "invasão" latina - não houve a manutenção de religiões ou religiosidades africanas. O gospel tomou tudo...

(Stella Junia Ribeiro, como vê, não esqueci até hoje sua palestra).

Esse fato responde diretamente pelo padrão de tratamento que os pretos tiveram dos católicos, no Brasil e dos protestantes-evangélicos nos Estados Unidos. Os católicos findaram por permitir certo grau de liberdade na alma africana. Os evangélicos, não - arrancaram tudo de lá, tudo, não ficou nada.

A prova disso é que, quando chegaram aqui, para evangelizar o Brasil, na virada do XIX para o XX, fizeram a mesma coisa - arrancam a alma do "evangelizado" e põem lá outra coisa, uma caricatura de sua cultura...

É curioso perceber a reação dos pretos estadunidenses, sua revanche contra a desalmanização que sofreram... Pouco a pouco, vão recusando o movimento gospel em nome de outra religião que vem da África - o Islã... 

É uma vingança irônica, porque a religião que usam par vingar-se dos cristãos é aquela que, enquanto eles estavam aqui, escravos, invadia sua terra e fazia lá, nesse campo das ideias, a mesma coisa - arrancar a alma ancestral e pôr lá uma paródia de Abraão.

Quando alguém fora do planeta ler nossa história, julgará que se trata de um romance surrealista...





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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