Fala, velho...
Olha os modos... Andou tempo demais com a ralé, né?
Relaxa, coroa...
Menino, olha os modos com teu pai!
Ai, esqueci que estavas aí, mãe. Desculpa.
Toma tenência, menino...
Mas, hein, pai...
Hum...
Já viu as coisas que o Osvaldo anda escrevendo?
Não, não vi, não, eu sou onividente mas não vejo! Claro que vi, ora bolas, antes de ele escrever - inclusive!
Pois é. Andam falando...
Já sei, o povo das igrejas...
É. Alguns...
É...
E aí?
E aí o quê?
Não vai tomar nenhuma providência?
Hein? Providência?
Sim. Ele está escrevendo lá...
E qual o problema?
É sobre o senhor...
Ai, meu Deus, você anda dando trela demais para meia dúzia de doido lá embaixo, meu filho... Não tá vendo logo que tudo que ele escreve não tem nada a ver comigo, mas com as asneiras que escreveram, falaram, pensaram e fizeram usando meu nome, o seu, o de sua mãe, o do Vento e até do diabo?
Ah é, é?
Ih, meu filho. Quem deles, algum dia, falou sobre mim? Nenhum deles. Nem Paulo, nem Moisés, nem Enoque, que eu trouxe numa nuvem... Se eles que são eles puseram no papel as coisas que pensavam, porque acha que o Osvaldo sabe mais sobre mim do que eles? Ele nunca escreveu uma linha sobre mim, porque ele sabe que ele não sabe é nada, e, então, critica os que dizem que sabem, porque ele sabe que não sabem é nada, mas eles fazem que sabem...
Hum...
Estou mais preocupado é com os que se fazem de bonzinhos, mas têm dentes na garganta... Osvaldo, não. Não fede nem cheira. Escreve as bobagens dele e vai jogar Serenia Fantasy... Só aquele monte de abobado lá que se estressa...
Por quê?
Porque, como eles acham que sabem alguma coisa sobre mim, qualquer coisa diferente que eles ouvem, se apavoram - e gente apavorada, já viu... Já tentou salvar alguém se afogando?
Já...
Ah, é, foi Pedro. Você não conta...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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