domingo, 9 de dezembro de 2012

(2012/854) Sobre "estar certo" ou "estar errado" e o modus vivendi brasileiro


1. É mais um desabafo, carregado talvez de sentimentos pesados, que me acompanham há três dias. Não sei se devia escrever, se vale a pena ler, mas a minha alma me consome, e, que se dane!...

2. Eu devo confessar que tenho pouca experiência na área de pesquisa - pouca. Minha vida foi sempre em curso de Teologia (ninguém é perfeito!) e em cursos livres. Não sei como as coisas ocorrem nas salas dos pesquisadores... 

3. Sei, todavia, o que se publica - revistas, livros, blogs, sites, facebook...

4. E tenho uma opinião sobre o Brasil: não se está interessado na "verdade" de fato. Não me encham o saco com discussões metafísicas sobre a verdade. Estou falando da coisa simples, de você dizer que aquilo é um ovo e, na verdade, ser uma bola de gesso...

5. As pessoas escrevem, mas não para o debate. Escrevem para ter escrito, aparecer como escritor. Escrevem para publicar, contar ponto. Escrevem para fazer as vezes da "estrela". Escrevem por narcisismo. Escrevem por passatempo. Escrevem por pulsão. Mas não escrevem para atacar o objeto à frente, desnudá-lo e saber o que ele é...

6. Até hoje, não encontrei um que gostasse de crítica. Talvez eu não goste. Talvez seja um defeito mesmo da alma brasileira: virar a cara para a crítica. Claro que há o deboche da ideia em si - é o que você diz que é recusado, e é recusado pelo teor que contém, independentemente dos argumentos. Eu também detesto que me critiquem pelo fato de eu ter dito xis - quero me critiquem pela razão por meio da qual chego a dizer xis. Não se criticam ideias, criticam-se argumentos, fundamentos... Logo, não reclamo de quem fique com raiva de ver sua ideia afrontada tão logo seja pronunciada...

7. Minha bronca, meu aborrecimento, é com todos aqueles que escrevem, isto é, vão à rua, dizem o que querem dizer... Então, você observa debaixo da mesa, levanta o argumento e critica esse argumento. Ou, então, você dá um passo atrás, verifica a condição de pronunciamento da declaração, e critica essa posição. Ou, então, você demonstra que a própria declaração tem um equívoco de construção - ou lógica, ou sintática, ou semântica...

8. Pronto.

9. Invariavelmente, você é tachado de "arrogante".

10. Não conheço exceções. Todos, invariavelmente, a que me dirigi - PORQUE O SUJEITO ESCREVEU! -, tecendo críticas, reagiram, na hora ou mais tarde, com descontentamento, dissabor, raiva, até...

11. Cansa...

12. Tenho pensado seriamente em entrar no jogo. Simplesmente fazer de conta que ninguém ao meu redor diz nada, escreve nada. Fazer-me de cego, de surdo. Escrevam, senhores, o que quiserem, que não comentarei mais nada - é meu desejo nesse instante...

13. Definitivamente, hoje não é um bom dia para mim: estive a ponto de jurar duas vezes hoje - 1) depois de assistir ao vídeo sobre o Golpe dos Estados Unidos na Venezuela e sua Guerra contra a Democracia, senti ímpetos de jurar nunca, jamais, pôr os pés naquele país infeliz, e 2) há algumas horas vem-me dando no peito a vontade de jurar nunca mais comentar nada que ninguém escreva, seja Deus, seja o diabo...

14. Talvez eu devesse ir dormir.

15. Deve ser sono, cansaço, mau-humor...

16. Seja como for, acho que os atores não têm gostado de minha participação na platéia... Eu só tenho a meu favor o fato de que no convite não estava escrito que era espetáculo teatral...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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