I.
Por que me amas?
Porque Deus está em ti...
Toma, arranca esse Deus e leva contigo...
Mas, se levo Deus embora, não te amo mais...
Não, meu jovem - não me amaste é nunca...
II.
Então as amas porque te disse que as amasse?
Sim, Pai, não é assim?
Amá-las, porque eu mandei?
Sim, não é assim que deve ser?
E se eu mando que as odeie?
Hein?
Tu me dizes que as mas, porque mandei que as amasse. E se eu tas mando odiar?
Ora, Pai, então eu as odiaria, porque é a ti que obedeço!
Logo, não as amas de fato.
Amo, porque tu mandar.
Sim, é disso que se trata. Não te colocarias a favor delas e contra mim.
Estás doido, Pai? Nada quero, só a ti...
Logo, não as amas de fato. Fazes que ama, porque te mandei amar...
III.
Mas, Pai, eu não as posso pôr acima de ti!
Sim, é o que eu estou dizendo, meu filho - tu não as ama... As amasses, nem que eu te mandasse odiá-las, tu não as odiarias... As amasses, colocaria-as acima de tudo. Mas só fazes que amas porque te digo que ames, então, encenas teu amor a mim no espelho da cara humana - e talvez assim, meu filho, mintas a elas, mintas a mim e mintas a ti mesmo.
Não posso ouvir isso, Pai.
Eu sei. Nem a ti mesmo te amas.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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