sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

(2012/850) Fragmentos facebookianos de ontem, porque estou alguma coisa entre atrasado e bem, deixa pra lá...

I.

Não somos crianças mais. Falo, portanto, para homens e mulheres adultos e adultas.

Prefiro um diabo que chegue ao meu ouvido e me diga o que eu acho de fazer isso ou aquilo a um Deus que me chegue ao outro ouvido e me diga para fazer isso ou aquilo...


II.

Não, não há jeito de eu ser bultmanniano - mas cá entre nós, foi ou não foi, de verdade, a única alternativa realmente criativa do Protestantismo moderno? 

Tratar a pregação, hic et nunc ("aqui e agora"), esse momento homilético, como sacramento existencial é uma saída que agrada a gregos e a troianos - menos a teólogos historicistas, que teimam em achar que podem pôr a doutrina pousada no galho da história e daí puxar um galho em que Deus pouse...

Acho que Bultmann foi verdadeiro protestante e verdadeiro homem moderno. Sendo os dois, ao mesmo tempo, tentou, ao mesmo tempo, conciliar dos dois lados...

Sacramentum praedicans...

De menos, para mim, mas demais para a Teologia historicista...


III.

Depois que se inventou a "saída pela direita" ao estilo do Leão da Montanha, não há mágica que faça o sujeito dar um passo à frente. A ideia de "essência profunda", por exemplo... 

Você gasta horas, tentando explicar ao sujeito, que as tradições religiosas/teológicas são mitos desenvolvidos na história, sempre, sem exceção, derivadas de tradições/teologias anteriores, de outros povos - como o Juí
zo Final, por exemplo, que os judeus incorporaram dos persas e que os cristãos tomaram aos judeus.

Em lugar do sujeito compreender que se trata de construções criativas da cultura religiosa, ele passa a descascar a cultura em busca de uma "essência" - o que, na prática, torna essa consciência absolutamente refratária ao significado da expressão "construção cultural"...

Acho que esse se trata de um dos mais eficientes mecanismo de self deception da "moderna" Teologia...



IV.

Depois que se inventou a "saída pela direita" ao estilo do Leão da Montanha, não há mágica que faça o sujeito dar um passo à frente. A ideia de "essência profunda", por exemplo... 

Você gasta horas, tentando explicar ao sujeito, que as tradições religiosas/teológicas são mitos desenvolvidos na história, sempre, sem exceção, derivadas de tradições/teologias anteriores, de outros povos - como o Juí
zo Final, por exemplo, que os judeus incorporaram dos persas e que os cristãos tomaram aos judeus.

Em lugar do sujeito compreender que se trata de construções criativas da cultura religiosa, ele passa a descascar a cultura em busca de uma "essência" - o que, na prática, torna essa consciência absolutamente refratária ao significado da expressão "construção cultural"...

Acho que esse se trata de um dos mais eficientes mecanismo de self deception da "moderna" Teologia...


V.

Provocação sobre fé e homens de fé.
Leia não.

(...)

Só há "fé" quando há um muro. Você não sabe o que há do outro lado. Então, "imagina". Imagina por conta própria ou pega de carona a imaginação de alguém. Mas passa a "crer" que o que está do outro lado é como você imagina... Se você puder olhar do outro lado, vai saber o que está lá - nesse caso, acaba a fé e vem o conhecimento. No caso da fé, 
o muro está lá. Logo, não se trata de conhecimento.

Se essa fé se torna uma doença, você esquece que há o muro.

Se ela se torna um dogma, você não apenas suprime o muro, como faz da fé a imagem revelada do que está (estaria, mas, para você, está) do outro lado do muro.

Por isso, não tenho problemas com a fé...

Desde que: a) o sujeito reconheça que há o muro e que ele não sabe o que está do outro lado e b) que ele reconheça que, se disser que o que ele sabe foi-lhe contado pelo que quer que esteja do outro lado do muro, considerarei isso uma espécie de patologia - e ele também, se quem usar de sua mesma estratégia contar coisas diferentes...

O homem de fé é um louco para quem são loucos os outros homens de fé, mas não ele mesmo...





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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