1. Se não me engano, há dois tipos de "análise" que se podem fazer sobre a religião.
2. Num dos tipos, você faz a crítica a partir de posições ético-filosófico-políticas, analisando, então, o comportamento, as amplitudes da onda moral e ética, os comprometimentos quanto a valores e prática dos religiosos. Você "seleciona", assim, religiões mais ou menos "lúcidas", "perigosas" - por exemplo, uma aluna d
isse que a circuncisão masculina é para o bem, ao passo que a feminina, para o mal... O detalhe de que a masculina a tradição dela se deixa vincular não vem ao caso, naturalmente...
3. No outro tipo, você sai meta-teoricamente do círculo mágico - trata-se de uma análise epistemológica. Nessa perspectiva, não há diferença entre as religiões, e as "boas" podem tornar-se "más" a qualquer momento (por exemplo, veja-se Jesus e a Igreja, para ser minimamente irônico).
4. Não preciso dizer que o grosso, o esmagadoramente grosso das "análises" se dá pelo primeiro tipo. As análises do segundo tipo tendem a ser classificadas como "iluministas", "imperialistas", essas bobagens.
5. É que a crítica do segundo tipo impede reserva de mercado. As do primeiro tipo são tentativas, análise minha, de agradar a Deus e ao diabo. É tão procedente seu esforço que um bom representante dos homens-bomba pode classificar como boa a sua prática, do mesmo modo como Torquemada considerava ético, moral e espiritual queimarem-se bruxas...
6. Mas vivemos tempos em que é mais aprovada a bajulação das religiões, que se diabolizam mutuamente, do que a crítica a elas.
7. Revelador do traço psicológico de nosso tempo.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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