quarta-feira, 4 de abril de 2012

(2012/361) Da prepotência teísta

1. Não estou nem com paciência nem com vontade, mas mais tarde talvez comente o debate entre Craig e Atkins no fórum de Fé e Ciência. Vou ouvir tanta bobagem que já de agora me ensaiam coceiras.

2. Preconceito? Um pouco, sim - por amostragem! De cara, um senhor me lança sobre a cara o seguinte argumento: a complexidade do Universo é razão para necessitarmos de uma inteligência criadora.

3. Tudo bem, aceito o tipo de raciocínio. Então, tratemos dele com honestidade. Por que uma? Se vamos admitir que há inteligência por trás do Universo, porque temos de pensar em uma? Por que não posso pensar em muitas? Os hindus estão certos!

4. Naturalmente que se trata não de raciocínio, mas de adaptação de racionalizações à fé do debatedor. Ele é monoteísta, de modo que a verdade só pode ser monoteísta.

5. Isso não me parece sério.

6. Que não é científico, fora de discussão. Mas, para ser sério, para ser algo além de catequese de luxo, disfarçada em "debate", teria de ser honesto. E seria honesto um teólogo que admitisse que ele não pode dizer que tenha sido um ou que tenham sido muitos deuses os criadores.

7. Ele diz que é um, porque ele precisa, ele tem de dizer que é um - porque ele projeta sua fé e doutrina em suas palavras, porque sua fé e doutrina guiam suas palavras.

8. Todo teólogo dessa espécie tem um ovo de vespa dentro da cabeça - ele só pode repetir os arrazoados de sua fé.

9. É, a despeito de considerar-se livre e pregar liberdade, um escravo. 

10. E não de "alguém".

11. De uma ideia-vespa que lhe pôs um ovo na cabeça.




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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