O básico do Êxodo (o livro e a tradição bíblicos, não o filme em poucas linhas.
Inicialmente, trata-se de uma tradição do norte (de Israel). Não se pode dizer muitas coisas sobre esse período, recuperável por meio de Amós. Apenas que o profeta não tinha lá grande estima pelo que se fazia com seja lá o que tenha sido aquela tradição, já que ele argumenta que Israel ter sido tirado do Egito era apenas um capítulo de uma história maior, já que os filisteus haviam sido tirados de Caftor e os arameus, de Qir.
Não era uma tradição do sul, de Judá (os dois eram povos e países desde sempre separados [é esse o estado da questão hoje]. Quando, em 722, Israel é destruído, presume-se que a tradição do êxodo de Israel tenha migrado para o sul. Não teve qualquer aproveitamento imediato. Foi para a geladeira e lá ficou por pelo menos 200 anos.
Por volta de 520, quando os judeus deportados para a Babilônia começam a retornar, tudo indica que alguém entendeu que a tradição do êxodo serviria bem para simbolizar mitoplasticamente o retorno. É o caso de Is 40, por exemplo: uma voz clama: preparai no deserto o caminho do senhor, cuja versão corrompida será utilizada nos Evangelhos...
É esse preciso momento do retorno dos judeus da Babilônia que engendrará a redação do livro do Êxodo, com as mitologias fantásticas das "pragas", a dizimação do exército egípcio e todas as maravilhas conhecidas, fruto, não se duvide, da imaginação midráshica dos escribas/sacerdotes que redigiram o grosso das narrativas.
Nesse caso, os filmes de hoje são criações livres sobre uma criação livre.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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