O crente senta-se no banco da praça. Ao lado dele, senta-se um umbandista. O crente olha para ele e sente ímpetos de benzer-se. Mas é crente, não católico, e crente não faz essas coisas. Mas que sente ímpetos, sente. O crente tem vontade de ir embora, porque a presença de um adorador dos encostos e das imagens de encostos faz com que sua alma se revolte. Todavia, prefere falar de Jesus para ele.
Vou lhes poupar dos detalhes do "diálogo". O crente é treinado, como em campanhas de vendas de ozonizador. Tem frases montadas, estratégia de argumentação. Na prática, não está nem aí para a criatura que está ao seu lado: lida com ela por meio do mito que anima sua consciência.
No meio da conversa, descobre-se que os dois fizeram o mesmo curso, cada qual em uma faculdade diferente. Ambos são diplomados. Ambos têm curso superior completo - e na mesma área. Descobrem mais: os dois utilizaram-se muito bem de sua formação, trabalhando na área. O crente, teólogo formado, é pastor de uma igreja em Taboão da Serra. O umbandista, também teólogo formado, é sacerdote em um terreiro em Duque de Caxias.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário