sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

(2012/083) Entrevista com Domenico Losurdo, meu historiador preferido - 2011, aos seus quase 70 anos



1. Meu historiador - e diria até, meu "filósofo" - preferido: Domenico Losurdo. Não foi coisa pouca, para meus brios, deixar Losurdo tomar o lugar sacrossantíssimo que cabia à Carlos Ginzburg - meu segundo historiador preferido.

2. Pense na palavra historiador. Dê-se uma substância que falta a muito profissional que se deixa chamar por esse nome - que até julga ser grande coisa, pelo fato de carregar esse "diploma". Acrescente a esse nome, assim hiperbolicamente considerado, um H maiúsculo, gigante, nobre, honrado. Se o que disso resultar se dourar com o sol mais dourado, então estamos falando de Losurdo.

3. Ah, vejo que aquele ali torceu o nariz. Compreendo. Acostumado a ler historiadores que desaprenderam o ofício, historiadores até que desejam competir com Kafka, novelistas do imaginário, meu exagero retórico pode ter parecido despropositado. Mas isso se resolve com a leitura de Losurdo. Se se quer começar com algo mais leve, Contra História do Liberalismo (excelente e oportuno). Se se deseja começar com tratamento de choque, se o sujeito não está acostumado a comer substantivamente, corre risco de parar na UTI por excesso de demanda dos intestinos, então leia-se o colossal Nietzsche, o rebelde aristocrata (falar em Nietzsche sem ter lido isso é já começar perdendo 70% do fundamento do que pensar que se vai dizer, e talvez mais).

4. Existe História, você diz quando lê Losurdo. Não, minto: você diz assim, isso!, eu sabia, aqui está alguém que concorda comigo - existe História. Isto é, é preciso crer que haja História e gostar disso para compreender a altura vertiginosa desse Everest de Clio.






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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