(2012/046) Normativo não mais - ético e estético

1. Há dois posts atrás, expressei-me de forma que me surpreendeu depois. Falando do Cristianismo de estardalhaços, de showmícios da fé e espetáculos de mídia de massa, dizia que, vai-se saber, Cristianismo bom é esse mesmo, e que não seria eu a ditar Cristianismos a quem quer que fosse, mas que, eu, particularmente, desgosto profundamente do que está aí, essa feira...

2. Quem diria, em 1678, John Bunyan se referia ao "mundo" como a grande e perigosa feira, entrave na caminhada do Peregrino... Hoje, eu, Bunyan de mim mesmo, penso mais que feira é mesmo o próprio caminho que fizeram para os peregrinos da fé, sabe Deus aonde estão a ir - Cristianismos, essa feira...

3. Bem, mas o que me surpreendeu foi o fato de que eu tratei a coisa como uma questão... estética. Uma questão de... gosto: eu, eu disse, não gosto, mas, vai ver, é bom, e quem gosta está é certo... Cristianismos, uma questão de gosto.

4. O que eu fiz, e não sei se tive consciência disso enquanto o fazia, foi alterar o registro de aproximação ao Cristianismo. Para o cristão clássico, mesmo o "moderno", trata-se de uma questão normativa - a fé obriga a adesão, impõe submeter-se à norma, à doutrina, ao dogma, à disciplina.

5. Onde já se viu um cristão a dar palpites sobre o Cristianismo?! Norma, o Cristianismo desce sobre a massa das ovelhas, imposto hierocraticamente, cabendo a elas, cordatamente, praticarem a regra e a norma. Ponto. Essa, a concepção clássica de fé, de Cristianismo, de Teologia...

6. Mas eu cometi uma infração acintosa e tratei tudo como questão de gosto: desgosto prostaticamente do que se tornou o Cristianismo nos ambientes que frequento. Mas devo reconhecer, e reconheço, que há quem goste - quem chega até a virar os olhos, literalmente...

7. Tempos curiosos os nossos. Filmes, livros, teatro, Igreja - qual seu gosto? Tem de todo tipo: escolhe. Uma feira.

8. Naturalmente que me vejo forçado a incluir um elemento no âmbito das escolhas: a ética. Sim, tudo é uma questão de gosto, mas como filmes, teatro, livros, há sempre classificação etária e alguns chegam mesmo a ser proibidos. Algins, nem tanto, mas é bom que não se deixe a vovó ler...

9. É o caso, igualmente, dos Cristianismos - questão de gosto, sim, vá lá, escolhe o seu e seja feliz, mas, atenção, é bom sempre estar atento à classificação etária da coisa: pode ser demais para sua idade, pode mesmo ser proibido para menores...

OSVALDO LUIZ RIBEIRO