quarta-feira, 26 de outubro de 2011

(2011/507) Auto-regulamentação do mercado e auto-educação da religião


1. Ideia fixa minha? Eventualmente... Todavia, essa conversa de que a religião é racional e sabe portar-se em público, posição político-ideológica que permite, simplesmente, desconversar-se a questão histórica da absoluta falta de educação das religiões monoteístas, basicamente, não seria ela uma ideia ainda mais fixa?

2. Os governos democrata e republicano de Bush e de Clinton inventaram essa conversa-mole, patrocinada todos devem saber por quem, de que o "mercado" se auto-regula. Deu no que deu: a crise de 2008, e essa interminável crise financeira que ronda o mundo - e ainda vai rondar por muito tempo.

3. No campo religioso, teólogos preocupados com não sei bem o quê (o fato de serem, eles também, religiosos?) alimentam (indiretamente?) a deseducação da religião com a defesa de teses - a meu ver - absolutamente descoladas da História. Um Governador evangélico no Rio escreveu a Lei inconstitucional de que o Ensino Religioso nas Escolas deve ser... confessional! As Igrejas aplaudem, os crentes entram em êxtase, os políticos esfregam as mãos... Essa é a liberdade que as religiões monoteístas conhecem...

4. Alguém poderia defender a tese de que a religião monoteísta - no fundo, uma só, com diferentes trajes típicos! - deu passagem à modernidade, à democracia, à liberdade de consciência, de expressão? Bem, quando digo defender a tese não digo pronunciá-la - que ser ela pronunciada foi coisa que ouvi por duas vezes semana passada. Defender a tese significa demonstrar, historicamente, que não foi à luz daquele mote de tripas, padres e reis que a religião "saiu da frente"... Teologia pública... Sei...

5. E ninguém me fará mudar de ideia tão facilmente: enquanto o(s) deus(es) monoteísta(s) davam as cartas - até ontem, século XIX - as mulheres (por exemplo) foram coisas, objetos sem voz nem vez. Ele(s) tivera(m) de morrer - mas só na ágora republicana! - para que as mulheres fossem libertas. Não? Veja lá que onde eles ainda vivem, elas ainda são "escravas". No mínimo, subgente...

6. Desacredito - e por razões históricas - na capacidade interna de as religiões se auto-educarem. Se vamos querer que elas permaneçam por aí, seremos nós, cidadãos da República, a lhes ensinar boas maneiras: o que significa, literalmente, controlar seus poderes pela Lei. Caso contrário, meus amigos, "deus" tornará a se assentar em Brasília, logo ele, que gosta tanto de rodas e fogueiras, esse(s) deus(es) monoteísta(s)...



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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