quarta-feira, 27 de julho de 2011

(2011/447) Diálogo de quarta à noite


1. Puxa, Osvaldo, mas você não tem algo bom para falar do cristão? Por que acusá-lo tanto? Falas do que? Do fato de eu ter dito que ele não pode fazer e dar ao outro o que quer para si? Sim, também disso. Querido, digas-me cá uma coisa: o cristão pode tratar a fé do outro como trata a sua própria fé? Antropologicamente, você quer dizer? Querido, vá direto ao ponto, porque não há cristão que trate sua própria fé antropologicamente, porque ele não pode, e tratar antropologicamente a fé do outro é um novo modo de dizer que a fé do outro é "cultura e mito, mas a sua própria fé, não, essa é revelação e verdade, fato revelador da impossibilidade de um cristão ser, nesse campo, levado a sério. Então, digas-me: um cristão pode tratar legitimamente a fé do outro com tanta expressão de valor quanto a sua própria? Mas até a do muçulmano? Não, querido, mais ainda, até a do africano! Mas, nesse caso, se ele trata a fé do outro como trata a sua, não torna a própria fé coisa pessoal e subjetiva, igualmente cultural e mítica, tanto quanto a do outro, já que, por força de suas proposições, são essas fés antagônicas? Bem, querido, se você reconhece que, se um cristão diz sim para a fé do outro, a sua própria fé desmorona, porque a sua própria fé vive e sobrevive da eliminação de todas as outras, como queres dizer-me a mim que falo mal do cristão? Não se trata de um fato?



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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