sexta-feira, 26 de novembro de 2010

(2010/592) O Grande Strunf


1. Eu tinha dez anos. É, já faz tempo... Fui acometido de uma doença até hoje não lá muito bem esclarecida, e o resultado foi o crescimento de minha cabeça, o que me gerava dores terríveis e redundou em diagnósticos de meningite. Lembro-me de uma noite, particularmente desesperadora, em que fui levado, aos berros, para o Hospital Menino Jesus, no Rio. Acho que lá fui desenganado. Não sei bem a história toda, só que minha mãe fez uma promessa à Nossa Senhora das Cabeças, e que, meses depois, dado o meu completo restabelecimento, fomos a uma igreja católica no Rio, onde dezenas de ex-votos de cera - pés, pernas, mãos, cabeças, espalhavam-se por todos os lugares do teplo. Minha mãe levou uma cabeça de cera, que tirou da sacola, e a ofereceu no altar... Quando conto essa história a meus alunos, eles dizem que aí passam a entender a minha loucura...

2. Todavia, esse cenário foi palco de um episódio muito gratificante: mamãe comprava para mim revistas dos Strunfs, duendes azuis, pequenininhos, que, anos mais tarde, invadiriam a TV, com o nome de Smurfs. Lembro-me da primeira revista - número 1 - o Grande Strunf (na verdade, O Strunfíssimo). Uma história sensacional, surpreendementemente séria para uma revista infantil.

3. Encontrei a versão de TV, ligeiramente modificada - por exemplo, a Strunfete (agora, Smurfete), não constava da história original -, mas absolutamente fiel à revista. Recomendo. É muito boa a história, apesar da aparência de bobagem. Trata-se de uma leitura política, uma crítica, uma denúncia, digamos, do espírito dominador dos homens - na primeira oportunidade, aproveitamos para revelar quem realmente somos... A revista me parece, ainda, incomparavelmente superior - tanto quanto O Nome da Rosa, o livro, não se compara ao filme. Mas ainda é uma boa peça... na falta da revista...




Para saber mais:

Strunfs, Schtroumpfs ou Smurfs?



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

Carol disse...

Quando eu era criança, assistia esse tipo de desenho, hj as crianças assistem Du, Dudu e Edu e etc... construção "pós-moderna" de alienados...

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