1. Eu fico cada vez mais "bobo", e me rio bastante da corrente desfundacionalizante, pós-modernizante, desumanizante, desubjetivante, tradicionalizante, digamos, para provocar meus amigos, gadameriana, quase-rortyana. O fato é que Schleiermacher explicava, há quase duzentos anos, a compreensão de textos por conta da capacidade empática do homem, e a moderna "hermenêutica" (pós-segundo-heideggeriana), ah, como esse nome, às vezes, é retrógrado, zombava do seu psicologismo. Pois eu sou schleiermacheriano, ainda, porque, se ele sozinho não explica o fenômeno, sem ele o fenômeno não tem explicação.
2. No vídeo acima, que encontrei no Rainha Vermelha, "Vilayanur Ramachandran, um neurocientista de mão cheia (...) fala sobre os neurônios-espelho, um grupo de células nervosas do cérebro especializado em imitar o que vemos, de atitudes a sensações". A conferência em si não tratará da "leitura", mas a tese de fundo de Schleiermacher é de que compreendo o que uma pessoa escreve, porque consigo emular a mente da pessoa, colocar-me como que em sua mente, como que em seu lugar. Pois as neurociências caminham para desvendar esse mistério, e eu fico muito feliz e entusiasmado com isso, porque essas teorias que não passam de platonismo disfarçado, de uma quase-teologia dissimulada, do tipo, é a tradição agindo em nós, puff!, no fundo funcionam exatamente como a teologia - foram feitas para você parar de pensar - enquanto acha que pensa.
3. Se houver algum modo de um quase cinqüentão mudar de rumo, estudarei seriamente a possibilidade de embrenhar-me nessa selva... neurociências. Nem que seja como expectador... Se é que isso é possível a uma mente inquieta como a que tenho aqui no crânio.
4. A você, meu bom Schleiermacher, meu obrigado. E meus parabéns!
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
o video possui legendas em português - ative-as em "view subtitles"
2. No vídeo acima, que encontrei no Rainha Vermelha, "Vilayanur Ramachandran, um neurocientista de mão cheia (...) fala sobre os neurônios-espelho, um grupo de células nervosas do cérebro especializado em imitar o que vemos, de atitudes a sensações". A conferência em si não tratará da "leitura", mas a tese de fundo de Schleiermacher é de que compreendo o que uma pessoa escreve, porque consigo emular a mente da pessoa, colocar-me como que em sua mente, como que em seu lugar. Pois as neurociências caminham para desvendar esse mistério, e eu fico muito feliz e entusiasmado com isso, porque essas teorias que não passam de platonismo disfarçado, de uma quase-teologia dissimulada, do tipo, é a tradição agindo em nós, puff!, no fundo funcionam exatamente como a teologia - foram feitas para você parar de pensar - enquanto acha que pensa.
3. Se houver algum modo de um quase cinqüentão mudar de rumo, estudarei seriamente a possibilidade de embrenhar-me nessa selva... neurociências. Nem que seja como expectador... Se é que isso é possível a uma mente inquieta como a que tenho aqui no crânio.
4. A você, meu bom Schleiermacher, meu obrigado. E meus parabéns!
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2 comentários:
Eis a resposta de seu enigma mestre? sim, pois sua questão foi um enigma no melhor estilo hollywoodiesco.
abraço...
Se não é "a" resposta, é um dos caminhos para uma boa resposta. Schleiermacher leva a sério a subjetividade orgânica humana. Gadamer preferiu o caminho mais platônico das idéias aprioristicamente assumidas, ainda que no papel da tradição. Gadamer n~]ao está distante de Platão e Descartes. Schleiermacher olhou para dentro de nós - ele é mais darwiniano, se me faço entender. É como Nietzsche dizia em A Gaia Ciência - a consciência é de fundo orgânico! Gadamer preferiu olhar para fora - tem medo de Pandora, e mal sabe que a caixa já foi aberta... É verdade que o que está fora de nós responde por nós - mas também isso é apenas verdade no sentido em que primeiro o que está fora passará para dentro, e isso, meus amigo, a tradição não explica, porque ela é mera nuvem. É a constituição biológica do cérebro que, em última análise, nos explicará como que tudo isso ocorre, e como posso, por exemplo, levar a sério o fato de que você me entenderá (a rigor, o mesmo que fazia Gadamer quando... escrevia). Não desconsidero a tradição - desconsidero a sua sobrevalizorização.
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